GUIA DE LEITURA

Se você me perguntasse quais textos ler, eu diria para CLICAR AQUI e achar uns 20 e poucos que eu classifiquei como os melhores. Mas vão alguns de que eu particularmente gosto (e que fizeram algum sucesso):

Caritas et scientia
(as saudades da minha escola)
A-Ventura de Novembro
(o retrato de um coração partido)
Vigília
(os sonhos nos enganam...)
Sairei para a boate e encontrarei o amor da minha vida
(ou "elucubrações esperançosas")
(a afeição por desconhecidos)
A tentação de Mãe Valéria
(trago a pessoa amada em três dias)
A nostalgia do que não tive
(a nostalgia do que não tive)

quarta-feira, 30 de julho de 2008

PARÊNTESES, a quem interessar

SE MUSE VIER AO BRASIL...
foram muitas as promessas que os milhares de fãs brasileiros fizeram para que o MUSE viesse ao Brasil. Eu particularmente prometi fazer um milheiro de Santo Expedito. Não acho que vá cumprir e talvez tenha que carregar essa dívida eternamente, se a fúria do santo não antes me fizer infortunado.

Teve gente muito desacreditada, pessimista, que disse que iria chover se o MUSE viesse. Eu entendo tamanho pessimismo, afinal, sempre aparecia um ou outro boato de que a banda viria e nada nunca se confirmou. Para terminar, a última turnê já tinha terminado e a banda só fazia uns showzinhos por aí ultra especiais, tipo Rock In Rio Lisboa, para o qual eu cheguei a comprar ingresso mas fui vetado pelos superiores hierárquicos ... mas por que nesse tempo tão morno ela viria pra América Latina, área de público e certezas financeiras duvidosas?

Mas continuando... teve gente que disse que ia chover se o MUSE viesse. Não que no Rio seja incomum chover, mas hoje o dia está muito lindo. Pouquíssimas nuvens, um azul maravilhoso, uma cara de verão. A praia está maravilhosa, a água está deliciosa, ... Tudo está belo. Não creio que vá chover.

Muse tocará em Brasília no sábado, a cidade em que quase não chove (haja secura na nossa capital!). Mesmo os brasilienses que apostaram que choverria se o Muse viesse, tomaram/tomarão na cara.

No mais, o show é daqui a pouco. E a ficha só tá começando a cair agora. Acordei hoje e não tinha me dado conta direito, estava com aquela coisa de que a noite de hoje seria algo comum, tipo ir no bar ou na Matriz. Mas as 10 da noite vão se aproximando, e começo a me tocar do que está por vir. Estou há dois meses evitando ouvir MUSE para ter na hora a sensação de ineditismo. Não quero saber do setlist de outros países. Não quero saber de nada.

Venha o show. Por muito o esperei.

30 de julho.

FECHO PARÊNTESES.

domingo, 20 de julho de 2008

O que fazemos quando não somos observados?

(esse texto estava pronto e esquecido desde abril de 2007 entre os rascunhos do SWB, então vai para vocês)

Pode ser no elevador, no computador, no banheiro, no último banco do ônibus e também no meio de multidões, onde você é apenas mais um. Sozinhos ou não, quando não estamos sendo observados, permitimo-nos ter certos comportamentos no mínimo peculiares.

Primeiramente, vêm as necessidades biológicas, que, como manda o figurino, devem ser feitas em particular. Sim, todas aquelas que envolvem o sistema excretor, o digestório, o respiratório (limpar o salão) e o que mais você quiser. Mas isso, todo mundo faz, até mesmo a Gisele Bundchen, e todo mundo sabe que todo mundo faz. Qual a graça?

Realmente nenhuma. Falo, na verdade, daquelas coisas que normalmente ninguém espera que você faça. Serve discurso na frente do espelho para aumentar o carisma (The Sims?), falar sozinho em outras línguas, e dançar alopradamente no meio da sala, ouvindo som em alto volume e fazendo air-guitar, air-drums, air-microphone ou air-coisa-que-o-valha,...

Vale gritar coisas indecifráveis, fazer aeiou para esticar as cordas vocais e esboçar caretas aleatórias, rindo de si próprio. Há quem lembre de fatos passados e ria sozinho. Há quem chore copiosamente. Alguns fingem atuar, inventam papéis e diálogos e põem-se à dramatização. Sem platéia, é claro.

Tem também aqueles hábitos feios, como jogar lixo no chão ou cuspir o chiclete na rua. Serve deixar o cachorro fazer cocô na rua e não limpar, afinal, ninguém vai saber quem foi. Outra coisa não muito legal é fazer gestos obscenos para alguém quando essa pessoa está de costas. Só tome cuidado para não haver um espelho por perto.

Mas o campeão dos campeões é a cantoria de chuveiro, afinal, ninguém está vendo e ignora-se solenemente o fato de que alguém pode estar ouvindo aquilo tudo, e, pior, achando um saco. Particularmente, eu tenho feito no banho um exercício quase que diário de meta-linguagem: canto Desafinado, do Tom Jobim.

terça-feira, 15 de julho de 2008

19 anos

Estou prestes a completar 19 anos. É daqui a pouquinho. Dessa vez, nada mudará.

Meus primeiros anos de vida tinham o empenho de ir aumentando o número de dedos na mão que eu levantava quando alguém me fazia a pergunta da idade. Fiz uma mão aos 5, fiz as duas aos 10. Para informar a idade, depois das mãos completas, passei a apenas falar: era ridículo ficar mostrando as mãozinhas.

Depois das mãos completas, vieram as aspirações progressivas de adolescente. A primeira delas é a de chegar aos 12 anos. Idade de virar adolescente e de já poder entrar nos filmes com essa censuras.

Os pulos de aspirações daí em diante passariam a vir de dois em dois. Aos catorze, pude ir desacompanhado a grande parte dos shows e, claro, ver os filmes dessa censura.

Os dezesseis mais marcaram uma contagem regressiva para os dezoito do que outra coisa. Ah, claro, como esquecer? Ganhei o tão esperado direito de votar. Lembro do dia em que tirei o título. Devo ter sido dos poucos de minha geração a me sentir um pouquinho mais importante por poder, em proporção gota/oceano, influir nos destinos políticos do meu país.

Os dezoito anos, caraca, os dezoito anos! Merece um tratado à parte. Boate, carro, abrir conta, assinar os próprios documentos, viajar para o exterior sozinho sem autorização do Juizado, identidade verdadeira para tudo, enfim, é o mundo que abre as portas. Um début total, também cercado de responsabilidades, tradução do juridiquês "fim da inimputabilidade".

E agora, os dezenove. Os dezenove não são os dezenove anos. Os dezenove são os dezoito mais um. Nada muda. Só vou ficar mais velho e nada receberei em compensação. Qual a graça?

Todas as conquistas posteriores aos dezoito, não mais são/serão conquistas por mera mudança da idade. Serão minhas próprias conquistas, advindas unicamente do meu mérito, do meu esforço e dos meus destinos. É também a sensação de que ao mesmo posso tudo e ao mesmo tempo nada posso. Sobra a possibilidade, mas me falta a viabilidade. Faltam-me experiência, dinheiro, até audácia... Procuro-os.

Vêm os dezenove, que venham os vinte, que venham os trinta, que venham os quarenta, que venham os mil... os mil desejos traduzidos em um, que farei na hora de apagar a velinha. Que venham os sonhos, que venham em sonhos, que venham de sonhos e que venha o sono quando eu dele precisar.
Que venham as vontades, que venham de trator, que me derrubem em momento oportuno, mas que me façam crescer.
Que venham os ventos e em todas as direções, o que eu quero é me mexer.

A todas as coisas: que venham vindo, que venham quicando, que venham implacáveis, que venham como quiser.
Da vida eu não quero fugir, mas um dia dela me farão escapar. Que venha tudo, que venham todas e que tudo isso e tudo aquilo me façam viver em curtição infinita cada infinitésimo de segundo.

a saga de um trident

O chicletinho estava se sentindo traído. Depois de estar na boca por algum tempo, fora jogado para ser trocado por coisa melhor. Ficara de lado, esquecido em lugar não muito oportuno, em lugar traiçoeiro. Não fora para o lixo por preguiça. Não fora de volta para o papelzinho, porque o papelzinho não mais era àquela altura. Ficara à espreita, tramando vingança.

Seu orgulho estava ferido. Depois de ter sido descartado, nem ao menos um lugar feliz o destino lhe reservou. Dali, assistia a tudo. Assistia ao deleite de que não podia participar, ao jogo das bocas que não mais lhe pertenciam. Ao jogo da oralidade verbal, da oralidade não-verbal. Ao jogo da oralidade que é de fato oralidade e dispensa formalidade.

Decidiu o chicletinho que por fim poria fim àquela brincadeira toda e, sabe-se lá como, jogou-se no meio de campo. Quase um mosh numa platéia de dois.

Suicídio. O chiclete partiu-se em vários. Grudou em tudo. Pegajoso, chicletoso e horroroso. Demorou um pouco a ser percebido e por pouco não foi confundido. Surpreendeu como se fosse uma punhalada nas costas e, como um balde de água fria, fez a alma despertar de uma ebriedade não-alcóolica.

O chiclete, no seu zero a zero que só marca um ponto na tabela, sacrificara seu corpo para lavar sua alma e restaurar seu orgulho. Ascetismo, sacrifícios, loucura,... Mas ele é que foi lavado, em derradeira instância, com água quente e gelo. Fani puro.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

A tal maquininha da verdade

Acho insuportáveis essas maquininhas da verdade que alguns programas de TV tem usado para colocar entrevistas no ar e avaliar se as pessoas falam a verdade ou mentem.

Questionado sobre os métodos e resultados, o tal do perito que comanda a máquina chegou a afirmar que quando ela indica "verdade", a chance de acerto é de 95%, enquanto que, quando ela indica mentira, a certeza é de 99%.

Colocaram o Ronaldo, colocaram o casal Nardoni, colocaram inúmeras entrevistas recentes da TV brasileira e ali apuraram, com a majestade da pouca dúvida, o mais pretensioso veredito: o veredito sobre a verdade.

A máquina é bem simples. A entrevista vai passando e um visor na máquina vai indicando desde "verdade" até "mentira", passando por "altamente estressado","imprecisão", "dúvida" e etc.

O tal do perito vai analisando palavra por palavra e chega a dizer que trecho da frase está errado, até mesmo aventando hipóteses sobre porque a pessoa estaria mentindo. Ele é, de fato, um doutor da verdade.

E aí eu me pergunto: o que eu estava fazendo na frente da TV?