Dessa vez, trago à mesa um assunto um tanto polêmico no meio familiar, as palmadas.
Tem gente que acha que palmadas são intoleráveis, tem gente que acha que a palmada educativa é válida e tem gente que simplesmente desce a mão pra valer.
Esse foi o tema de um redação da escola esse ano e, segundo a estatística que minha querida professora Fernanda fez, 90% dos alunos se mostraram a favor das palmadas, o que pra mim foi um tanto surpreendente.
Abaixo vai o que eu escrevi e mantenho como posicionamento acerca da questão. Peço que leiam e dêem as suas opiniões também. Afinal, um tapinha não dói?
UM TAPINHA NÃO DÓI?!?!
Os pouco raros casos de pais e mães que usam da violência com seus filhos levantaram a polêmica acerca das palmadas e seus abusos, levando, até mesmo, à criação de um projeto de lei que visa a proibir essa atitude. Tão paradoxais quanto as guerras pela paz de Bush, as palmadas ditas educativas, ainda que supostamente dadas com amor, mostram-se prejudiciais à formação das crianças, devendo ser eliminadas, se não pelo bom senso dos adultos, então pelo poder coercivo do Estado.
É natural que as crianças, por ainda não estarem psicologicamente desenvolvidas e conscientes de seus atos, comecem a agir a exemplo dos adultos, especialmente dos pais. Sendo assim, atitudes agressivas por parte desses despertam nos pequenos o espírito da violência e da agressividade, gerando posturas de intolerância, que são carregadas adiante, podendo-se ter, em fases posteriores da vida, comportamentos de “pitboys” e afins.
Além disso, vale lembrar que as palmadas só possuem efeito porque as crianças passam a evitar certas atitudes passíveis de castigos. No entanto, esse alinhamento obtido não deve ser confundido com educação, que pressupõe que o indivíduo entenda as razões pelas quais deve ou não de proceder de certa forma e, assim, aja adequadamente. Esse processo, porém, muitas vezes exige dos pais uma paciência e compreensão de que eles não dispõem, e a punição física acaba sendo mais cômoda.
Embora a maioria dessas punições sejam brandas, limitando-se ao clássico tapinha no bumbum, há muitos adultos que se descontrolam e, enfurecidos, acabam espancando e agredindo seriamente seus filhos. Tal ato é crime, não podendo ser desqualificado como tal apenas por estar contido na relação pai e filho, pois as agressões desse nível, além de ferirem a criança, podendo matá-la, geram nela traumas muitas vezes irreversíveis, que podem ter repercussões futuras desastrosas.
Diante de tantos problemas citados, é inquestionável que os prejuízos das palmadas e seus abusos a quem as leva justificam, por si só, a intervenção do Estado no sentido de proibir essa prática. Além disso, esse tipo de violência fere os Direitos Humanos, visto que ninguém tem a posse sobre o corpo do outro. Sendo assim, a sociedade deve favorecer o prosseguimento do projeto de lei em questão, a fim de consolidar sua aprovação e fazer com que as palmadas , enfim, dêem lugar ao diálogo e ao entendimento mútuo, peças-chave para qualquer relacionamento.
(Ouvindo: Muse - Deadstar (viciante!))