GUIA DE LEITURA

Se você me perguntasse quais textos ler, eu diria para CLICAR AQUI e achar uns 20 e poucos que eu classifiquei como os melhores. Mas vão alguns de que eu particularmente gosto (e que fizeram algum sucesso):

Caritas et scientia
(as saudades da minha escola)
A-Ventura de Novembro
(o retrato de um coração partido)
Vigília
(os sonhos nos enganam...)
Sairei para a boate e encontrarei o amor da minha vida
(ou "elucubrações esperançosas")
(a afeição por desconhecidos)
A tentação de Mãe Valéria
(trago a pessoa amada em três dias)
A nostalgia do que não tive
(a nostalgia do que não tive)

terça-feira, 1 de março de 2016

redenção

Desde que me entendo por gente, gosto de tirar fotos. Se, no início, meu fascínio era por apertar aquele botãozinho e ver a luz mágica do flash sair, depois de um tempo - e já bem cedo -, fiquei conquistado pela ideia de aprisionar a efemeridade do presente e corporizá-lo em material para nostalgias futuras.

Também, desde que me entendo por gente, vivo cercado por pessoas que odeiam aparecer em fotos. Estão feias, estão mal vestidas, estão com cara de sono, olheiras e etc. Nunca estão no melhor ângulo. Querem aparecer fazendo um bico assim, assado. Algumas possuem um lado favorito para exibirem o perfil. Tem gente que quer parecer mais forte. Ocultar barriga. Outras pessoas, simplesmente, detestam o flash, e pouco se importam se o registro vai sair escuro ou borrado.

Nunca dei muito crédito a esse tipo de coisa, afinal, a nostalgia no futuro é um sentimento muito mais nobre do que que preocupações cosméticas de ocasião. Eu, honestamente, desprezo em minha intimidade quem não quer aparecer em foto, especialmente quando se trata de momento solene e único a ser registrado. Respeito por mera força do hábito.

Por óbvio, não estou falando que tudo será imediatamente postado em redes sociais, para o regozijo geral com eventual feiura alheia. Mas esse nunca é meu propósito. Eu apenas quero guardar memórias. Sou daqueles que, de vez em quando, precisa ver fotos antigas para me reconectar a alguma coisa. Fotos me lembram da caminhada da vida e de quem ao meu lado esteve presente. Às vezes, vejo fotos para lembrar de cheiros ou de emoções. Elas me transportam no tempo e no espaço, especialmente quando são fotos digitais e, portanto, ficam imunes às marcas do tempo (escrevi sobre isso aqui). Fotos são que nem vinhos: melhoram com o tempo. Nelas, todo percalço é passageiro.

Como certas coisas tendem a piorar, mas nem sempre, fotos velhas sempre estão no lucro. Quem enfeiar, vai ter no souvenir uma boa memória. Quem embelezar, encontrará na fotografia um lembrete de superação.

Não tem erro: tirem fotos sempre. Feiuras, rugas, cenas em que se aparece falando, olhos caídos, barrigas e demais saliências não vão necessariamente sair no instagram. Seu lugar mais nobre é o futuro, onde todas imperfeições são mera contingência. Vícios prescreverão adormecidos em álbuns físicos ou em pastas de computador.

E o futuro a tudo redimirá.