GUIA DE LEITURA

Se você me perguntasse quais textos ler, eu diria para CLICAR AQUI e achar uns 20 e poucos que eu classifiquei como os melhores. Mas vão alguns de que eu particularmente gosto (e que fizeram algum sucesso):

Caritas et scientia
(as saudades da minha escola)
A-Ventura de Novembro
(o retrato de um coração partido)
Vigília
(os sonhos nos enganam...)
Sairei para a boate e encontrarei o amor da minha vida
(ou "elucubrações esperançosas")
(a afeição por desconhecidos)
A tentação de Mãe Valéria
(trago a pessoa amada em três dias)
A nostalgia do que não tive
(a nostalgia do que não tive)

sábado, 26 de maio de 2012

OS FIOS BRANCOS DE MEU CABELO

Coleciono fios brancos no cabelo como quem guarda memórias. Calma, ainda consigo contar nos dedos quantos eu tenho...

Cada fio branco em meu cabelo é a lembrança de um stress. Vou começar a nomeá-los e a tratá-los como se de estimação fossem. Alguns terão nomes de eventos ruins, outros terão nomes de garotas sofridas, outros serão nomeados a partir dos desafetos. Como uma sala de troféus - só que não -, minha cabeça será uma cabeleira de agruras em meio a pretos créditos de sofrimento ainda não usados.

Uns eu alisarei em nostalgia, em lembrança da maturidade adquirida na adversidade. Outros eu preferirei arrancar raivosamente, como quem adultera a memória pensando estar mexendo no passado: ledo engano.

Uns ir-se-ão na passada suave de uma escova de cabelo (pode até ser a tal verdinha de que já falei em outro texto), como as duras memórias que despercebidamente vão ficando difusas ao ponto de não lembrarem outra coisa que não a vala comum do esquecimento, o grande responsável por sermos menos ressentidos.

Outros permanecerão ali, a despeito de quantas vezes eu passe a bendita escova. Se os arrancar ou cortar, nascerão de novo em sua alvura maldita, como fantasmas que não se exorcizam e com os quais só resta conviver na melhor cordialidade do eu para com o eu-mesmo.

Os anos vão passar e os fios brancos só se multiplicarão. Mas não é por conta da idade chegando, eu garanto: é que quanto mais se tenha vivido, mais se terá sofrido, inevitavelmente. Que triste prognóstico é, contudo, imaginar-me um octagenário de cabelos brancos. Nessa etapa da vida em que melanina é luxo, acho que terei por bem pintar os cabelos: que mal fará tratar sintomas como causas? Se não for por caduquice, que seja então por bom humor...