GUIA DE LEITURA

Se você me perguntasse quais textos ler, eu diria para CLICAR AQUI e achar uns 20 e poucos que eu classifiquei como os melhores. Mas vão alguns de que eu particularmente gosto (e que fizeram algum sucesso):

Caritas et scientia
(as saudades da minha escola)
A-Ventura de Novembro
(o retrato de um coração partido)
Vigília
(os sonhos nos enganam...)
Sairei para a boate e encontrarei o amor da minha vida
(ou "elucubrações esperançosas")
(a afeição por desconhecidos)
A tentação de Mãe Valéria
(trago a pessoa amada em três dias)
A nostalgia do que não tive
(a nostalgia do que não tive)

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

desaprendi a curtir uma fossa

Desaprendi a curtir uma fossa e hoje me vejo no dilema: a fossa é melhor curtindo ou não curtindo?

Por muito tempo eu pensei que curtir uma fossa era algo que me tornava mais digno: era a solenidade moral de suportar a própria humanidade. Vítima da própria tragédia, sofrer enobrecia e me tornava altivo, e, como um título de capitalização, acreditava que cada lágrima derramada me contaria créditos para depois, na justiça divina das compensações, trocar por momentos de alegria. Escravo da fantasia, nada era tão alegre quanto imaginar um momento de alegria quando eu estava triste: um sorriso esboçado é como uma gargalhada, as cores são mais vívidas e o mundo é fluido.

Não sei mais o que é curtir uma fossa. Talvez porque a fossa mais fosse problema bioquímico do que os fatos e os acidentes da vida. Estar na fosssa hoje para mim é raro, o que é muito bom. Mas a mesma humanidade que eu suporto - e admiro - é inexorável em não fazer da felicidade uma constante. Do contrário, a própria felicidade não faria sentido ou não teria enlevo, pois que parâmetro haveria para ela se sobressair?

Não sei mais o que é curtir uma fossa. Simplesmente não sei mais escolher aquela música que me deixa reflexivo, complexo e mergulhado nos meus pensamentos. As baladas funestas de outrora hoje me soam artificiais: não consigo mais me enganar. O lirismo da poesia é forçado: o amor romântico é superado pela realidade, como se um filme de drama tivesse virado um documentário em primeira pessoa, nu e cru. As memórias não mais me comovem, os traumas estão bem resolvidos e as esperanças frustradas do passado viraram uma lembrança neutra de uma ingenuidade superada.

Hoje sofro como quem cumpre uma formalidade e enfrenta os ossos do ofício da própria vida, como alguém que encara o tráfego para voltar para casa ou que espera a fila do restaurante para conseguir uma mesa... Sofro de bom-humor, quase zombando de mim mesmo, como quem vive um pesadelo com a certeza de que é só um pesadelo. Como quem assiste agoniado um filme de terror, mas não perde a noção de que está diante de um filme. Sofro pelo suspense da vida, só para ter um pouquinho de emoção. Se antes curtir a fossa significava um momento estranho de alegria dentro de uma tristeza maior, hoje a fossa é a própria imperfeição da boa vida, a contingência triste da própria felicidade.

Sofro sendo feliz.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

eu quis escrever um texto. fiquei quinze minutos tentando e nada saiu.

foi por auto-censura? um pouco.
foi por expectativa de hetero-censura? também.
foi por falta de inspiração? de leve.

a frustração é tamanha e dessa vez não pude deixar de compartilhar.