GUIA DE LEITURA

Se você me perguntasse quais textos ler, eu diria para CLICAR AQUI e achar uns 20 e poucos que eu classifiquei como os melhores. Mas vão alguns de que eu particularmente gosto (e que fizeram algum sucesso):

Caritas et scientia
(as saudades da minha escola)
A-Ventura de Novembro
(o retrato de um coração partido)
Vigília
(os sonhos nos enganam...)
Sairei para a boate e encontrarei o amor da minha vida
(ou "elucubrações esperançosas")
(a afeição por desconhecidos)
A tentação de Mãe Valéria
(trago a pessoa amada em três dias)
A nostalgia do que não tive
(a nostalgia do que não tive)

sábado, 19 de janeiro de 2008

PAUSA.

Atravesso um momento infeliz para esse blog. Não consigo sentar e escrever, não consigo ter fluidez em minhas palavras. Falta-me inspiração. Sobra-me vontade.

Penso em tantas coisas na rua que dariam bons textos, mas a efemeridade de um pensamento é tão implacável quanto frustrante. As coisas se perdem. Minha cabeça não está boa.

Ficarei um tempo sem escrever.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

SOERGUIMENTO.

Meu prazer em revirar quinquilharias me fez esses dias descobrir algo inusitado na sacola de supermercado onde guardamos as fotos de família muito, muito antigas. Em meio ao preto e branco nostálgico da distante mocidade de minha avó, encontrei perdida a fotografia de uma senhora que ninguém em casa soube dizer quem era.

Fiquei intrigado - seria forçação dizer encantado - com a pessoa que não quis posar para a câmera e seus olhos fechou. Num misto de proeminência e de anonimato, a musa que hoje inspira o verbo tem o ar de uma vovó moradora de rua, embora não me pareça uma qualquer, ou, do contrário, não teria sido motivo para uma foto.

Seu vestuário esquisito talvez fosse seu charme. Um vestido preto, sem brilho. No pescoço, algo como um pano de chão desfiado que simula um echarpe. Em suas mãos, como se fosse a "miss rugas 1940 e porradas", um cetro ornamentado. O chapéu que compunha o look era a última moda em... não sei onde a foto foi tirada.

Minha velhinha da foto permanece uma incógnita. Seria ela uma pedinte? Uma louca que a família não quis manter em seu seio? Uma exótica? Uma assídua por brechós? Uma "nada" abandonada que alguém achou engraçado e quis registrar para a posteridade?

Resgato hoje esse registro e mergulho na imaginação, como num passeio a uma feira de antiguidades. Meu Deus, o que essa foto fazia no meio de várias outras fotos que nada tem a ver com ela? A idosa desconhecida é uma viagem, uma abstração. Hoje está morta, eu tenho certeza, e agora se faz viva, eu também tenho certeza. Hoje está eternizada na internet. Daqui a pouco vão digitar no Google alguma coisa qualquer e ela vai aparecer. Estilistas descolados buscarão nela inspiração para seus próximos desfiles. Gurus tentarão adivinhar a cor de seus olhos. Psicólogos decifrarão seu pensamento. Sua bizarrice vai comover multidões. Reconhecimento post-mortem.

sábado, 5 de janeiro de 2008

O COPO

O copo é objeto fundamental das às vezes etílicas confraternizações sociais, nas quais bater os copos um nos outros é a apoteose do momento.

O copo é um objeto democrático. Todos usam, mesmo que diferentes copos reproduzam as estruturas sociais vigentes, indo desde o copo de requeijão ao cálice da mais nobre vidraria.

O copo é curioso. Em sua lascívia fálica, materializa a promiscuidade. Uma cópola plural. Passa de boca em boca deliberadamente. Experimenta de tudo, em todos. O copo é a via da dispersão: dispersa micróbios, dispersa angústias.

E depois de tudo, quando há copos vazios, de tanto que a cara encheram, o copo vai para a purificação hídrica remir-se de seus pecados.

"Em mão de bêbado, copo fora do escopo é certeza de ex-copo."