GUIA DE LEITURA

Se você me perguntasse quais textos ler, eu diria para CLICAR AQUI e achar uns 20 e poucos que eu classifiquei como os melhores. Mas vão alguns de que eu particularmente gosto (e que fizeram algum sucesso):

Caritas et scientia
(as saudades da minha escola)
A-Ventura de Novembro
(o retrato de um coração partido)
Vigília
(os sonhos nos enganam...)
Sairei para a boate e encontrarei o amor da minha vida
(ou "elucubrações esperançosas")
(a afeição por desconhecidos)
A tentação de Mãe Valéria
(trago a pessoa amada em três dias)
A nostalgia do que não tive
(a nostalgia do que não tive)

domingo, 28 de janeiro de 2007

A morte (alheia) - sic.

Se me perguntarem o porquê do sic ou dos parênteses na palavra alheia, respondo que é redundante dizer que falar sobre morte é referir-se à alheia, ou, do contrário, ousaria colocar-me no lugar nada verossímil de Brás Cubas, ao relatar suas próprias memórias póstumas no eterno clássico machadiano.

Vejo o quanto pretensioso seria eu falar sobre a morte em si, tanto se fosse para dizer que ela é um fim como se fosse para dizer que ela é um novo começo. Não falar sobre ela talvez trouxesse problema também, afinal, tem gente que encara sua própria morte com total indiferença. Mesmo assim não falarei, pois não quero expôr concepções que são mera questão de fé e fazer desse espaço um blog puramente catequista.

Falarei sobre a morte para quem fica, mas de um jeito leviano. Se querem saber, não tenho propriedade nenhuma para falar sobre esse assunto e escrevo por mero impulso. Ainda não perdi nenhuma pessoa próxima e, portanto, prometo que, se ainda mantiver esse blog quando isso acontecer, dar-me-ei ao trabalho de escrever sobre o mesmo assunto.

Dizem que quem fica é que sofre. Quem fica sofre, de fato, mas... quem garante que quem partiu não está sofrendo também? Essa questão é de jurisdição das religiões, e cada uma prega uma visão diferente sobre o assunto.

Quem fica, sofre. Mesmo. A sensação de perda evoca também outros pensamentos bastante penosos, dentre os quais destaco as saudades e o arrependimento.

Saudades. Por curiosidade, foi eleita recentemente a 7ª palavra mais difícil de se traduzir. Também deve ser difícil verbalizar as saudades em relação a um ente que se foi. São saudades bem duras, porque se sabe que a falta da pessoa tende a crescer com o tempo, porém nunca poderá ser saciada. Novamente, muitas religiões trazem perspectivas reconfortantes e consoladoras no tocante a essa questão, dizendo, por exemplo, que após a morte todos se encontram no paraíso.

Arrependimento. Nesse caso, do que se fez e do que deixou de se fazer. Sinceramente, não sei qual é o pior - nem se são diferentes. Emergem lembranças: palavras atravessadas, transfixantes, lançadas em momentos de raiva; brigas desnecessárias, que desgastaram a relação; mentiras que esperaram - e ainda esperarão, até quando? - esclarecimentos.
Vêm à tona os programas desmarcados por preguiça ou existência de outras prioridades, as vezes em que se preferiu ver TV ou sair de casa a ter a companhia do outro ou os desejos que eram sempre adiados.

Comparecer ao velório, ao enterro e às celebrações póstumas. Desnecessário descrever o quanto esse roteiro é penoso, especialmente nas suas duas primeiras etapas. Aparece a vontade - e a impotência - de devolver a vida à matéria já organizada, como alguém que, apertando o ON, energiza e liga um equipamento elétrico. Reles mortais não podem fazer isso. Por fim, há o último adeus, que, infelizmente, é sem resposta.

Igualmente ruim, deve ser lidar com os pertences do querido falecido. Olhar para a cama onde a pessoa dormia, para a escova de dentes que usava, para o guarda-roupas com muitas peças que marcaram dias especiais, para os manuscritos, documentos e outros cacarecos guardados para algum dia em que fossem precisos. Sentir o exímio poder do olfato de revolver lembranças ao , por exemplo, sentir o perfume que a pessoa usava.

Depois, as questões de herança, às vezes temperadas com desgostosas brigas familiares. Provar a lentidão da justiça com os trâmites do processo de inventário e ter mais esse aborrecimento.

Se o tempo não for o melhor remédio, certamente é um dos melhores. Com o passar dos meses e anos, o trauma do acontecido vai passando. As lágrimas que dele decorrem vão escasseando, embora as lembranças da pessoa e as saudades não se apaguem.

Preferimos nossa própria morte à daqueles que realmente amamos, afinal, sabemos que a segunda é suficientemente dolorosa, mas nada conhecemos em relação à primeira. No fundo, talvez haja alguma curiosidade em ver o que vem depois, se é que esse depois existe. Levando isso em conta, pode até soar egoísta preferir a própria morte à alheia, pois faremos os outros sofrerem.

Paro por aqui com essa vã discussão. Afinal, não importa quando, a morte inevitavelmente vai acontecer, e com direito a toda essa repercussão.

Para isso, Noel Rosa andou se precavendo. Em 1933, declarou não querer, quando morrer, nem choro, nem vela, mas uma fita amarela gravada com o nome de sua amada. Foi ele atendido?

(Ouvindo: Chico Buarque, Cazuza e etc.)

quarta-feira, 24 de janeiro de 2007

A razão de tanta ausência. E as RAPIDINHAS 2.

Não acredito que consegui ficar pouco mais de um mês sem colocar absolutamente nada nesse blog. Quase entrando em depressão, confesso que minha criatividade e pensatividade não andam em suas melhores épocas. Mas não foi só por isso. Para você que leu o título dessa postagem e está ávido por saber qual foi de fato a razão de tanta ausência, prepare-se.

Penso com meus botões... caí em minha própria crítica e agora estou aqui com uma pontinha de arrependimento de ter esculachado tanto um clichê, que, apesar dos pesares, até que faz sentido. Bem... erm... digamos que o verão me tirou desse blog. Ahhhh, o verão...

Sim, fui curtir o verão e as minhas férias. Arrisquei-me, fiz coisas novas, algumas estrepolias, mas nada extravagante, como já era de se esperar. Estava em ritmo de festa e de viagem e só hoje parei com um instinto quase avassalador de escrever alguma besteira. E cá estou.

RAPIDINHAS 2.

PAPOS ESCATOLÓGICOS À MESA

Eu não participo desta opinião, mas há tanta gente que se irrita com papos escatológicos à mesa. Concordo que a bomba de metano ou substâncias pastosas castanhas podem não ser o melhor assunto enquanto se degusta alguma iguaria sem igual, mas, já que esses assuntos são tão naturais ao ser humano quanto comer, chegando a constituírem o início e o fim do mesmo processo metabólico, qual o problema em se falar neles? Como diria Kléber Bam Bam, que atualmente ganha a vida animando festinhas de 15 anos, "faiz parte, gente".
Por falar nisso, estou colecionando eufemismos para o ato de defecar. Só não posto aqui, pois posso ser acusado de racismo, e isso não seria muito legal. Aliás, nunca fiz coleção de nada, essa é a primeira. Comecei bem, não?

METRÔ. (merdô)
A cada vez que ando de metrô pela cidade, impressiono-me ainda mais com a falta de respeito e cidadania dos usuários desse serviço público. Algumas pessoas levam ao máximo a cultura do querer tirar vantagem sobre qualquer coisa, utilizando-se de qualquer meio.
1.Acho intolerável as pessoas que entram apressadamente no vagão do metrô assim que a porta abre sem esperar que os querem sair saiam. Por que diabos vão se atropelando uns aos outros igual a uma horda de esfomeados que, no deserto, vislubram um oásis?
2.Pior do que isso são aqueles infelizes que ocupam a escada rolante inteira com seus volumes (geralmente traseiros) esparramados pelo já curto espaço, impedindo quem está com pressa de subir a escada rolante pelo lado vago. Por favor, fiquem do lado direito da escada rolante!
3.O que mais me mata de raiva, porém, são os vagabundos, pilantras, desumanos e sem-vergonhas que sentam nos assentos especiais destinados a deficientes, idosos, gestantes e lactantes, e simplesmente ignoram a presença de algum desses beneficiários no vagão. Com fones de ouvido, livros e outras artimanhas, fingem que não vêem nem o sofrimento daquelas velhinhas e velhinhos, já cansados pelo trabalho de uma vida inteira, em se manterem de pé nem a complicação que é viajar com criança de colo num coletivo lotado. Emissários do desrespeito, aqui vai minha mensagem: tirem seus fones de ouvido que os alienam, parem de ler o livrinho que parece torná-los cultos, e, finalmente, levantem essa cauda folgada e cedam o lugar. Quem realmente precisa, agradece. Mesmo.


SACODINDO O LEGO NA CAIXA
Tão bom quanto presenciar o nascer do sol (prefiro-o ao pôr do sol) ou vislumbrar uma bela paisagem é ouvir sons agradáveis. Há gente que delira ao ouvir canto de pássaros, o bater das ondas ou, usando um exemplo bem fácil, ouvindo uma boa música.
Enquanto criança, as pecinhas de Lego eram o que me proporcionava esse prazer. Poucas coisas se comparavam a pegar a caixinha do brinquedo, encostá-la no ouvido e chacoalhá-la sem parar para ouvir aquele barulhinho tão gostoso. Fazia isso sempre que ganhava um novo, aliás, esse era o método que eu usava para perceber, sem desfazer o embrulho do presente, que ali havia Lego, na época meu brinquedo preferido. Método infalível: Lego sacodido tem um som único, inconfundível.

(Ouvindo: AC/DC- Back in Black)