GUIA DE LEITURA

Se você me perguntasse quais textos ler, eu diria para CLICAR AQUI e achar uns 20 e poucos que eu classifiquei como os melhores. Mas vão alguns de que eu particularmente gosto (e que fizeram algum sucesso):

Caritas et scientia
(as saudades da minha escola)
A-Ventura de Novembro
(o retrato de um coração partido)
Vigília
(os sonhos nos enganam...)
Sairei para a boate e encontrarei o amor da minha vida
(ou "elucubrações esperançosas")
(a afeição por desconhecidos)
A tentação de Mãe Valéria
(trago a pessoa amada em três dias)
A nostalgia do que não tive
(a nostalgia do que não tive)

domingo, 31 de maio de 2009

POEMA PARA O AMIGO PARTIDO

(para o querido amigo Edson Boia do Nascimento)
Que ora encontres teu descanso merecido,
e mergulhes na derradeira paz de espírito.
Sê vivo em nossos dias, jamais esquecido,
e por nossas mentes, aparece à noite, onírico.

Partiste, amigo, e repartiste nossos corações,
esfacelados em luto por ti, que só foste luta,
destruídos em sentimento ao revolver tantas emoções,
e desconfortados em nossos âmagos com angústia bruta.

Afundados estamos, porque perdemos nosso porto seguro.
Não mais temos a ti para nos ancorarmos na tormenta diária.
E, agora sós, vagamos, navegamos e navagamos pelas tempestades.

Zarpaste dessa vida, mas não naufragaste: ainda és futuro!
Sabe que bóias, Boia, acenando sobre uma jangada solitária,
que se afasta, paulatina e serena, em nosso mar de saudades.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

VIGÍLIA.

Não pode mais ser você a  dignitária de meus sonhos, nem por seu veneno transformá-los de súbito em pesadelos, quando tomo a consciência de ser tudo aquilo quimera mera vivida como realidade sem verdade. Ou não seriam?

Você não é mais você, porque sua pele não mais está encostada à minha, nem minhas mãos acariciam mais sua nuca quente, e nem meus dedos passeiam e se entrelaçam em seus fios de cabelo levemente suados. E não mais estamos levemente distraídos.

Você não é mais você. Você hoje é só o que eu guardei, o que eu lembro. Você não é mais física, é psicológica. Você não é mais objeto, é projeção. Você não é mais sujeito, você hoje é tão somente seus predicados que em mim restaram como um souvenir de desventura.

Porque você não é mais você, tornou-se mera experiência sensorial. Nessa linha tênue que separa o ser do sentir ser, o númeno do fenômeno, é que me deparo com a dúvida e o desespero de se estar sonhando ou se vivendo. Não porque não sonhamos enquanto vivemos, afinal, não somos somente matéria certa, localizada e determinada. Nem porque não vivemos enquanto sonhamos, pois ainda temos sensações, sentimentos e verdades durante o sono.

A questão é se mais vivemos ou mais sonhamos. E o ponto mais crítico é passar de um ao outro. Descobrir que o que achávamos que era vida era sonho, e que o que pensávamos ser devaneio era vida. Passear pelas esferas da realidade e da fantasia, conjugadas à da verdade ou à da mentira. São as quatro nebulosas e indeterminadas. E entre elas nós tão somente oscilamos, errantes, ainda achando que beliscar-nos a qualquer hora vai nos dizer em qual delas estamos: a realidade mentirosa, a realidade verdadeira, a fantasia verdadeira ou a fantasia mentirosa.

Na ignorância de onde estamos, simplesmente escolhemos onde queremos estar. Escolhi que ali estava sonhando com aquilo que em outro momento escolhera ser verdade. Mas porque hoje escolhi que não é mais verdade, o sonho virou pesadelo. Mas saber que se está sonhando ou pesadelando é como estar dentro de um simulador maravilhoso ou aterrorizante com a mão preparada para, a qualquer momento, apertar o botão de emergência. Apertei o meu.

Meus olhos se abriram, mas o coração continuava disparado. A luz entrou por minhas pálpebras cegando-me, mas ainda pairavam as imagens que estava vivendo. O cheiro da manhã buscou meu nariz, mas ainda era seu perfume que monopolizava meu olfato. Eu tentava ser eu, sozinho, na cama, mas ainda era eu, com você, dentro da minha cabeça.

Mas tudo isso foi cessando e eu, que tentava atônito buscar seu perfume nos recônditos da pele macia de teu pescoço contorcido em júbilo, percebi que era eu que estava deitado, contorcido, retorcido e distorcido no meu ser.

Despertei, como quero despertar a cada segundo, e ainda vim glamorizar via palavras essa desgraça, partilhando-a. Quem sabe, com ela fora de mim, talvez seja mais fácil eliminá-la...

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Postar ou não postar?

Eis que finalmente termino de escrever e vem uma dúvida ingrata: posto ou não posto?
E aí fico pensando por que escrevo. Nunca gostei de escrever para mim mesmo, como alguns fazem. Tudo o que coloco no papel ou no monitor é para transmitir algo a alguém. Geralmente também serve para todos e aí eu simplesmente posto.
Mas escrevo porque gosto, porque preciso, porque me ajuda a compartilhar uma parte do eu que deve trazer algo de bom aos que estão ao meu redor.
Há textos que, no entanto, não são tão facilmente passáveis no crivo postagem. Não porque sejam ruins, até porque boa parte das porcarias vai sem mais delongas para o limbo, mas porque trazem alguma dose de sentimento e intimidade que eu talvez não goste de expor no blog. Não é por meus leitores não serem dignos de saberem minhas emoções, minhas angústias ou meus dramas (até porque não são, enquanto meros leitores), mas porque tudo o que vai para esse blog  pode ser lido por qualquer um conectado à internet.
Na verdade, o problema não são os desconhecidos, para os quais eu sou só mais uma alma na imensidão digital em busca de ouvidos que olham. O problema são os semi-conhecidos ou semi-desconhecidos (depende da boa-vontade), que vivem no limite entre o ser e o não-ser, na situação indefinida entre a certeza e a dúvida, entre o confiar e o desconfiar.
Aliás, há uma categoria pior: os stalkers. Stalkers são aqueles que ficam à espreita. Todo mundo tem um lado stalker, mas em alguns isso aflora mais. Pode-se dizer que após o boom do Orkut, proliferaram-se os stalkers virtuais. Geralmente é aquela amiga do seu amigo, a pessoa da escola ao lado, aquela figurinha batida em boate ou algum vizinho que você sempre cruza no elevador, mas cujos detalhes simplesmente se ignoram. Você sabe o nome, você sabe a vida da pessoa inteira, você apenas nunca trocou uma palavra com ela para dizer que vocês se conhecem. Há casos de stalkeamento recíproco e, nesses casos, tudo o que falta é função fática.Ainda escreverei sobre a função fática, que é o que mais falta na vida em certos momentos. Mas será que eu tenho algum stalker? Gostaria de conhecer. Pode se manifestar. Quem sabe eu ganhe alguma confiança...
Postar ou não postar? Não volto à dúvida, felizmente. Claro que esse texto eu vou postar. Como se não bastasse metalinguagem de escrever sobre o processo de escrever, eu traria mais metalinguagem ainda ao duvidar de postar um texto sobre dúvida de postar? Não, não!