GUIA DE LEITURA

Se você me perguntasse quais textos ler, eu diria para CLICAR AQUI e achar uns 20 e poucos que eu classifiquei como os melhores. Mas vão alguns de que eu particularmente gosto (e que fizeram algum sucesso):

Caritas et scientia
(as saudades da minha escola)
A-Ventura de Novembro
(o retrato de um coração partido)
Vigília
(os sonhos nos enganam...)
Sairei para a boate e encontrarei o amor da minha vida
(ou "elucubrações esperançosas")
(a afeição por desconhecidos)
A tentação de Mãe Valéria
(trago a pessoa amada em três dias)
A nostalgia do que não tive
(a nostalgia do que não tive)

domingo, 29 de abril de 2007

RAPIDINHAS 4

ESPECIAL CRIMINALIDADE.

SINAL DOS TEMPOS
Vinha conversando com o taxista, quando surgiu o assunto criminalidade. Ele disse que já havia sido assaltado muitas vezes, mas que já havia bastante tempo desde o último assalto: dezembro de 2006.

ESSAS COISAS...
Assistia a TV, coisa que raramente faço, quando apareceu um repórter ao lado de alguns elementos com a face borrada. Em seguida, ele disse: "estão aqui os menores que foram apreendidos pela polícia". Ele não disse isto, mas eu concluí que as apreensões do dia juntaram-se às armas e drogas que serão destruídas em breve no Aterro do Flamengo. Bem que muitos gostariam.


EGOÍSMO SALUTAR
Roubaram de um amigo meu, além da paz e de algum dinheiro, o MP3. Abordaram-no de bicicleta em Ipanema e ele teve de entregar tudo, sob pena de levar um tiro. E ele entregou aquela caixinha musical recheada de preciosidades como Jethro Tull, Muse, Pink Floyd e outras maravilhas.
Eu não quero, de jeito algum, que aquele energúmeno se deleite nos mesmos sons que me fascinam. Não quero que ele fique exuberado com os solos fantásticos do Pink Floyd, nem com a flauta contagiante do Jethro Tull. Não quero! Imagina se ele vai em direção à próxima vítima assobiando Bourée, crássico do J.T.? Não dá, é quase como ver, ou melhor, ouvir o paraíso antes de chegar ao inferno.

PESADELO
Sonhei que estava andando por Copacabana com minha máquina fotográfica. Sabe-se lá por que, estava com ela na mão. Caminhava reto, quando me aproximei de um grupo de meliantes, tentando esconder a máquina. Fazia uma força incrível, mas não conseguia colocá-la em sua respectiva bolsinha. Eles viram a máquina e me lançaram um olhar diferente, algo como "olha o cara aí". Apertei o passo, mas eles vieram atrás, e depois ficaram me circulando em espiral, cada vez mais se aproximando de mim e aí não sei mais o que aconteceu. Foi mal, gente.

VONTADE
Gostaria de ter um rifle de longo alcance, com aqueles scopes potentes, para ficar o dia inteiro plantado em algum lugar, esperando a hora certa de estourar a cabeça de algum pilantra que aterroriza essa cidade. E já tem dois anos que não jogo Counter-Strike!

REGIME SEMI-ABERTO
Eu e meus amigos vivemos em regime semi-aberto. Habitamos o complexo penitenciário Zona Sul, cada um em pavilhão (Copacabana, Ipanema, Leblon, ...) e respondemos ao artigo I do Código Quemal Brasileiro: possuir mais dinheiro que o necessário para fazer um lanche. No entanto, temos a grande regalia de poder sair para estudar durante a semana, sempre sujeito a algum tipo de coerção das forças superiores, como furtos, ameaças, seqüestros-relâmpago, entre outros. Mas é preciso voltar para a cadeia antes das 10, sob pena desses processos coercivos se acentuarem, chegando a custar a nossa vida. No fim-de-semana, temos o banho de sol, o banho de chuva (eita tempo maluco!) e as visitas íntimas. Mas o horário para voltar ao cárcere permanece. Estamos presos sem condenação formal e não sabemos qual será nossa pena. Tem alguns que acabam levando pena de morte ao acaso (convencionaram chamar de bala perdida), mas enquanto isso ou outra coisa não acontece, parece que estamos sob prisão perpétua.

(Ouvindo: Banda - Musica)

quinta-feira, 12 de abril de 2007

NO CONSULTÓRIO (particular)

Em geral, tudo começa com uma dor. De cabeça, de estômago, na articulação, de cotovelo,... não importa. Detectada a irregularidade, é hora de averiguá-la e tratá-la. Ansiedade pelo diagnóstico, preguiça de ter que fazer algum tratamento, medo de tomar injeção ou de ter que operar, ... especular não adianta, é preciso ir ao médico.

I. A ESCOLHA
Por indicação de conhecidos, unidunitê no livro de credenciados do plano de saúde ou método diferente, escolhe-se o médico com quem será feita a consulta, a ser marcada por telefone.
- Consultório do Dr. Epaminondas Silva, bom dia. - atende a secretária, com voz cansada quase-simpática.
- Bom dia, eu gostaria de marcar uma consulta...
[...]
- Só tem quarta-feira, às 3:00.
- Tudo bem.
- Então está marcado, senhora. O endereço é Rua Bla bla, 123, sala 321.
- Obrigado e confirmado.

II. A PROCURA
Papel à mão com o endereço anotado, busca-se o prédio do consultório. Acompanhante? Sempre, afinal, diante da possibilidade de não ter boas surpresas durante a consulta, é bom levar um ombro amigo para dar apoio moral.
Acha-se o prédio, que é grande, com várias salas. Elevadores? Em geral dois, que andam sempre lotados. Só em um há ascensorista, responsável por ouvir os andares e apertar os botões respectivos, sem esboçar qualquer reação facial.
Chegando-se ao andar, é hora de procurar o consultório. Olha-se de porta em porta, verificando a plaquinha. Médicos, dentistas, advogados, psicoterapeutas, portas sem plaquinhas (aí podemos imaginar mil coisas... serviço de acompanhantes? contrabandistas?), olha ali o Dr. Epaminondas!
Diante da porta, respira-se (suspira-se?) fundo. Após captar coragem, dedo em riste rumo à campainha.

III. PRELIMINARES
A eternidade entre o "dlin-dlon" e o girar da maçaneta pelo outro lado é considerável, tempo capaz de se pensar em mil coisas, na vida e no futuro que pode selar aquele médico em cujo consultório se entra.
A secretária, cuja aparência física fantasiava-se através da voz, dá o ar da graça com um "boa tarde", ou, se estiver ocupada ao telefone, o que não é raro, limita-se a sorrir.
Na sala de espera, outras pessoas: moças com crianças pequenas, senhoras arrumadas e senhores engravatados, com pasta no colo e olhar cansado. Em geral, folheiam alguma revista de amenidades, como Caras ou Veja.
Basta entrar no recinto para que todos se voltem à nova presença,. Em seguida, os olhares retornam ao desencontro típico de sala de espera. Quem está acompanhado, fala aos sussuros. Quem está com criança, divide o tempo entre controlar o pequeno e tentar ler alguma coisa. Quem tem a pasta, pigarreia. Na verdade, todos podem e costumam pigarrear, basta que estejam um pouco nervosos e/ou tenham algum problema de garganta.

Em certa hora, alguém acaba puxando algum assunto, algo como aquelas conversas vãs de elevado que versam sobre o tempo, sobre o último eliminado do Big Brother, sobre o babado da semana, ou sobre a revolta com a situação social do país (discussão regada a muitas frases feitas, é claro).
Mas tudo é interrompido pelo barulho da porta da sala o médico e a saída de um paciente. Logo em seguida, a secretária chama outra pessoa que estava na sala de espera. Essa se levanta em meio ao silêncio recém-instaurado, e dirige-se à famigerada sala. As conversas voltam, as leituras voltam e a paciência começa a se esgotar, o que não acontece completamente, afinal...
Um tempinho depois, a pessoa que entrara sai. Poucos segundos passam e seu nome é chamado pela secretária. Chamada estranha, não assimilada rapidamente, afinal, não é uma chamada de escola para verificar presença, nem uma chamada de ganhador do sorteio. É a chamada para entrar na sala do médico, pô!

III. A HORA H
O traseiro é retirado da cadeira cinematograficamente e, já de pé, o andar é firme e obstinado. Da cadeira à porta da sala do médico, metros transformam-se em milhas. Os ouvidos parecem captar a Marcha Imperial do Star Wars, dando àquele reles trajeto ares de desfile cívico.

Pensando com seus botões, talvez nem valha a pena fazer todo esse drama só porque a doença pode estar perto, sendo um fino couvert para a morte.Vai que o médico fala que está tudo bem e que a dor é só impressão? Mas... e se o médico for incompetente e não souber diagnosticar direito o problema? E se a doença for desconhecida no mundo médico? E se os remédios forem caros demais? Pois é... tudo isso pode acontecer, como pode não acontecer. A ansiedade é grande, mas você está ali, pertinho de saber o que aparentemente virá.

Finalmente, entra-se no consultório. A varredura visual é instantânea e tão cedo se acha, em meio a porta-retratos, livros, plantas, móveis e bugigangas diversas (em geral, presentes de pacientes como vidros, cinzeiros, portas-lápis e etc) um ser trajando jaleco de um branco impecável abotoado sobre camisa social, de humor minimamente simpático, de feições esperançosas, de grafia cursiva incompreensível (que se projeta invariavelmente sobre canetas de mais de 20 reais - eles não usam BIC) e, claro, de uma praticidade à toda prova.
O resto, sinceramente, é plenamente variável. Como eles mesmos gostam de dizer, cada caso é um caso. E o seu caso, não vem ao caso agora. Mas para o texto não ficar perdido, ao acaso, vamos supor que você só precisa tomar um remedinho que se compra na farmácia ao lado, e tudo se resolverá. E, claro, tem que voltar no mês seguinte.

IV. RELAX! (nem sempre)
Despedidas cordiais, votos de boa-sorte. A sala do médico é deixada pra trás e mais alguém da espera é chamado. A secretária gentil se volta para você e lhe pede a carteirinha do plano de saúde. Não tem plano? Pagamento à vista ou no cartão, sem problemas.
Efetuado o pagamento, volta-se à porta. E da porta, vai-se ao elevador. Do elevador ao térreo. Do térreo a farmácia. Da farmácia para casa.
Felizmente, o diagnóstico foi reconfortante: nada de grave.
Poderia não ter sido assim. Quem sabe aquela saída o guiasse ao hospital mais próximo com uma cirurgia de emergência? Quem sabe aquela saída o levasse à Igreja para pedir pela saúde? Quem sabe aquela saída o levasse ao show do My Chemical Romance, patrocinado pela Softy Kid's, fabricante de lenços de papel?
Cruzes! Deus me livre e guarde! Daqui a pouco isso vira caso de psiquiatria...


(espero, um dia, fazer a intratextualidade de escrever a mesma crônica sob a ótica de um usuário do SUS, mas infelizmente não tenho - e não pretendo ter na pele - essa vivência)

domingo, 8 de abril de 2007

PRISÃO DE CÉREBRO.




Há três textos que quero concluir. Tenho todas as idéias e estruturas mentalizadas, num bolo cerebral, mas não consigo expurgá-las de maneira satisfatória ou não entediante. Elas tão quase saindo, quase lá.
Só hoje, já tentei quatro vezes produzir alguma coisa, esta é a quinta. Nem sei qual dos três continuo a escrever. Se abro um, prefiro o outro, e assim sucessivamente. Agora criei um quarto texto, que talvez não passe de um rascunho. Essa meta-texto está mais para uma mera enrolação para encher linguiça e não deixar a semana passar em branco no SWB. Vale realmente a pena postar toda essa baboseira?
__

Estou no quarto dia de não conseguir escrever nada. Mas hoje não adianta reclamar, terei que escrever, de bom grado ou não, a redação de trinta linhas para a escola. Redação essa que já vem em uma forma, pronta, intocável, onde se coloca, apenas, um fluido de idéias de maneira sucinta , mas persuasiva. Quem disse que é bom persuadir assim? Por que não posso criar um texto aberto, que se limite a conduzir o leitor à reflexão, não ao convencimento?

E os três textos que estão na marca do pênalti continuam lá. Faço deles meu "goal", mas se continuar nesse ritmo, vejo que eles em breve serão chutados para escanteio.

___

Essa páscoa foi, em termos de escrita, improdutiva. Bem, acho que preciso comer mais chocolate, ou qualquer outra coisa que solte.

domingo, 1 de abril de 2007

Quando olho para frente.

Quando olho pra frente, sinceramente não sei

Não sei se virá, não sei se não virá.
Não sei se vou até lá, ou se fico por acá.
Não sei se corro ou se choro,
Não sei se respiro e revigoro.

Não sei se lá é claro ou escuro,
Não sei se para seguir estou maduro.
Não sei se lá há amor ou ternura,
nem se vale a pena essa procura.

Sei que nada sabem sobre
aqueles que tentam prever.
Se é só a Ele que cabe determinar,
quem sou eu para tentar advinhar?

Olhar para frente pode trazer um desvio,
que não ajuda, mas traz fastio.
Esse amanhã só me traz interrogação...
Bah! Melhor viver, com pé no chão.
(e ** na mão, é claro)