GUIA DE LEITURA

Se você me perguntasse quais textos ler, eu diria para CLICAR AQUI e achar uns 20 e poucos que eu classifiquei como os melhores. Mas vão alguns de que eu particularmente gosto (e que fizeram algum sucesso):

Caritas et scientia
(as saudades da minha escola)
A-Ventura de Novembro
(o retrato de um coração partido)
Vigília
(os sonhos nos enganam...)
Sairei para a boate e encontrarei o amor da minha vida
(ou "elucubrações esperançosas")
(a afeição por desconhecidos)
A tentação de Mãe Valéria
(trago a pessoa amada em três dias)
A nostalgia do que não tive
(a nostalgia do que não tive)

terça-feira, 18 de agosto de 2009

SAUDADES

(ou "evadir-se")

porque não ficaremos o dia inteiro sentados olhando a vida passar,
enchendo o copo, conversando e ruminando o assunto.
bebendo o líquido da fonte inesgotável,
que o bom futuro não há de secar.

mas nossa saliva antes secará,
deixando com sede os que nos amam.
e nossas pálpebras fecharão nossos olhos especulares,
(ou antes terão a clemência de fechar nossas pálpebras...)
e não mais seremos reflexos perambulantes,
escancarando verdades a quem quer que nos veja,
mas incapazes de vermos nossas próprias verdades.
porque, agora, ainda estamos por detrás dos olhos,
vitrais brilhosos de círculos concêntricos e cores personalíssimas,
e porque lá fora é mais claro: ainda é dia.

mas o dia em crepúsculo anunciará o breu,
em conclamação tácita a que acendamos nossas luzes.
porém, um dia, apagaremos...
e aí tentarão nos ver, mas nem sombra seremos,
e tentarão nos escutar, mas só ouvirão o eco minguante que restou ao ouvido,
e tentarão nos tocar, mas as mãos modelarão o ar em curvas corpóreas,
e tentarão nos cheirar, mas enganar-se-ão com o perfume enfrascado,
e tentarão nos provar, mas as bocas restarão aguando.

gritarão
chorarão
vão se comover...
vão se lembrar?
ou vão se esquecer?

e imaginarão, só imaginarão... sem perceber.
e isso, por ora, lhes bastará.
pois seremos sem estar-aqui ou sem estar-aí.
seremos estando-ali ou acolá, não importa onde será.
e inundar-se-ão de um "nós" impalpável, mas inebriante.
pensarão que estarão conosco, quando na verdade estarão sozinhos.

mas, certa hora, findará esse doce engano,
que traveste em infinita a duração de infinitésimo do homem.
e aí nada mais seremos que saudades.
(e assim ficamos para a semente.)

domingo, 16 de agosto de 2009

Bora

Bora lá,
bora cá,
bora fazer,
bora sair...
podemos borar juntos,
quem sabe borar a vida inteira,
até a hora de ir embora.
Bora logo que atrás vem gente,
borando incessantemente,
desesperados para borar por cima de tudo e de todos.

E que tudo e todos também borem.
Borem e corroborem a cada dia a boração.
Não vão me importar, esses boradores.

Bora?
Eis o meu convite indecoroso...
(que chegue em boa hora.)

terça-feira, 4 de agosto de 2009

pas.encore

Porque já chegou agosto e eu nada escrevi.
Porque já estou de férias e pouco sorri.
Porque se espalhou a gripe e eu ainda não adoeci.
Porque já passou a época do caqui e eu não comi.
Porque veio a crise e eu não desinvesti.
Porque repetiram e eu não entendi.
Porque tocou a campainha e eu não ouvi.
Porque terminou e eu não aplaudi.
Porque foi sutil e eu não senti.

Porque já fiz 20 anos e pouco vivi.
Porque foi há duas semanas e eu não percebi.
Porque a vida passa rápido e ainda não a compreendi.
Porque a divagação veio, mas vai parar por aqui.
Porque já são quase cinco da manhã e eu ainda não dormi.
Porque, amanhã, a manhã já vai ter chegado...
e eu ainda não vou ter acordado.
Se para rimar com -ado não serve f**ido,
estarei, , então que seja!, atrasado...