GUIA DE LEITURA

Se você me perguntasse quais textos ler, eu diria para CLICAR AQUI e achar uns 20 e poucos que eu classifiquei como os melhores. Mas vão alguns de que eu particularmente gosto (e que fizeram algum sucesso):

Caritas et scientia
(as saudades da minha escola)
A-Ventura de Novembro
(o retrato de um coração partido)
Vigília
(os sonhos nos enganam...)
Sairei para a boate e encontrarei o amor da minha vida
(ou "elucubrações esperançosas")
(a afeição por desconhecidos)
A tentação de Mãe Valéria
(trago a pessoa amada em três dias)
A nostalgia do que não tive
(a nostalgia do que não tive)

terça-feira, 25 de março de 2008

23 formas de ser FOFO(a)

A tem um chaveiro de pelúcia;
B troca a's por alfas no nome do orkut;
C vai em projetos sociais para tirar fotos;
D só usa calcinhas com motivos infantis;
E tem um telefone rosa;
F compra balinhas a mais para distribuir na sala;
G sempre traz presentinhos furrecas das viagens;
H dá sorrisos forçados;
I é tão prestativo que beira a canonização;
J fala qualquer coisa só para estar falando;
L com tudo concorda;
M tem fotos espontâneas forjadas;
N fala com voz de criança;
O só conhece o futuro do pretérito;
P usa o miguxês;
Q ganhou o prêmio "clichês de orkut" do So What's Beyond!;
R sempre cita uma frase feita da revista capricho;
S finge saber como as mulheres pensam;
T tudo anota;
U tem uma emoticon para cada hora;
V é a voz da pieguice;
X não fala palavrão;
Z escreve qualquer coisa nos comentários.

Ai, que graça.

sexta-feira, 14 de março de 2008

GARFADO.

Depois de um texto que está parecendo (apenas parecendo, eu enfatizo!) proselitismo babaca da Campanha da Fraternidade, que se manifesta contra o aborto e o uso de células embrionárias em favor da valorização da vida (há controvérsias), trago aos meus leitores - só leitores, porque não comentam - um texto retirado das percepções mais loucas do meu ser.


GARFADO.
Padeço de uma sensação péssima toda vez em que alguém passa com um garfo e olho para as suas quatro pontas. Imagino aquele instrumento indo de encontro ao meu peito e fazendo algo como guelras em minha pele. Imagino a dor que sentiria. Imagino a dor que se multiplicaria quando eu olhasse aquele estrago.

Imagino-me num filme, num dramalhão desses, levando uma garfada. Sou atacado e mantenho a serenidade e, olhando nos olhos de quem me garfou, puxo o garfo para fora do meu peito sem mudar minha expressão, sem soltar um ai sequer, como se estivesse resignado a morrer dali em diante. E aí, então, solto o garfo no chão, que cai fazendo um grande barulho. O filme tem suas cores em degradê de sépia e as nuances de meu rosto assim se fazem mais visíveis. Falo alguma palavra de vingança em tom monocórdio, fecho os olhos e caio duro ao duro chão. Outro barulho forte. O filme, ou a cena, acaba com um close no garfo meio ensangüentado, que assim chega a brilhar bastante.

É duro. Não consigo comer um bife olhando fixamente para a hora em que o garfo o espeta. Por mais que aquela carne esteja descaracterizada, é carne. O garfo no bife é o garfo em mim, o garfo em meu peito, o garfo que não consigo suportar. O garfo que me faz guelras, o garfo que dilacera minha pele, o garfo que expõe meu sangue, o garfo que bota em uma moldura minhas entranhas, o garfo que eu quero longe de mim.

O garfo que leva a carne à minha boca.
A minha boca que vai à carne.
A boca que vai à minha carne.

... que tortura!

quinta-feira, 13 de março de 2008

AMBULÂNCIA

Toda vez em que uma ambulância passa é a vida de alguém que está quase indo para o beleléu.

Para você que está caminhando na rua e ouve aquela sirene ensurdecedora, é mais um "barulhinho" que te chama a atenção num lapso. A luz vermelha girando loucamente, o motorista vestido de branco dirigindo atento, com a coluna curvada para frente, aquela luz interior da parte traseira do veículo, que, por um vidro opaco, sinaliza somente que ali há vida à beira da morte.

A ambulância corre tanto, que vem tão rápida e se vai tão rápida que o beleléu é uma abstração para terceiros: não existe, não se faz sentir. O beleléu só é beleléu para quem ali está, entre o tudo e o nada, ou para quem acompanha quem ali está.

A ambulância é mais um elemento de uma paisagem catastrófica urbana. Tão banal. É a sirene que vira poluição sonora. É itinerante e intermitente. A certeza do "de vez em quando". É o motivo da curiosidade das crianças, que sempre querem entrar numa ambulância e ver o que tanto tem lá dentro.

A ambulância, em toda sua pressa e e prerrogativa legal de livre trânsito, pode servir para desafogar o tráfego. Pode atrair espertinhos que vão atrás dela aproveitando-se do espaço aberto pela urgência e pela solidariedade aos necessitados. Espertinhos para os quais a vida de alguém que está indo para o beleléu é só mais uma facilidade que o acaso lhes deu de presente, quase que advinda de alguma espécie de princípio de conservação da bonança.

Talvez o que separe a ambulância do carro da funerária, além do vermelho e do preto característicos, seja o fio de esperaça que uma tem e a outra não. A iminência não é a certeza. A ambulância é um flerte. O carro da funerária é um beijo. A pressa e a calma. A instabilidade e o retilíneo.

E se em algum momento a ambulância que voava aos brados de cor encarnada e pintada de múltiplos decibéis desliga sua sirene no meio de um percurso e diminui a velocidade? Um fechar de olhos, um último suspiro. Seria o momento mais poético das vias da cidade. A hora em que a ambulância sinaliza seu fracasso, sua insuficiência, o fim de sua esperança. A desistência. A hora em que todos os carros param, que todas as sirenes, buzinas e gritarias se desligam e há um mergulho no silêncio sereno de uma efemeríssima eternidade - a hora em que tudo pára para a contemplação -, o silêncio de respeito à hora em que a campainha do beleléu tocou e a porta foi aberta para alguém entrar.

Toda vez em que uma ambulância passa pode ser a hora de se refletir sobre alguma coisa que a cerca. Mas é difícil pensar em algo nessa hora porque ela é rápida e impessoal. Isso a torna abstrata. Isso reduz ao trivial a luta que ali dentro se trava. As ambulâncias deveriam trazer um letreiro externo eletrônico contendo os seguintes dizeres, ao lado de uma foto do indivíduo em atendimento num momento feliz de sua vida:
ESTAMOS TENTANDO SALVAR A VIDA DE FULANO DE TAL.

E se as pessoas parassem suas vidas quando vissem uma ambulância para começar a rezar, a mentalizar coisas positivas para a vítima?
As ambulâncias deixariam de ser mais umas ambulâncias dentre várias que escandalosamente se manifestam.
A vítima deixaria de ser mais uma vítima, mais uma estatística.
Os pedestres deixariam de ser só mais alguns andando na rua para formarem uma torcida.

A lógica do "é só mais um, então dane-se" e a lógica do "inevitável, então deixa para lá" deixariam de ser a tônica de como a vida vê a vida, da forma como o semelhante vê o semelhante.

A hora da ambulância seria o chamado recorrente, material, sonoro e colorido de que a vida deve celebrar a vida. Uma tomada de consciência. Um estalo. Uma forma que o Dr. Acaso, renomadíssimo publicitário, achou para divulgar, ainda que objetivando alguma percepção do inconsciente, o produto que ninguém precisa comprar, pois é o bem que todos já têm. Bem perecível, cuja data de validade não se conhece e que, cedo ou tarde, mal ou bem, encontra no beleléu seu pouso derradeiro. Seu repouso.

sábado, 1 de março de 2008

RAPIDINHAS

IMPACIÊNCIA.
- Vó... vó... eu preciso comer comida árabe.
- Por que?
- Porque eu to grávido e se não comer meu filho vai nascer com cara de esfirra.

COAXO.
Casal de uns 16 anos passeando pelo shopping em clima romântico pára em frente da loja de utensílios domésticos e de presentes para casamento, quando a menina aponta muito animada e saltitante para várias coisas na vitrine. Vira-se para o rapaz impetuosamente e fita-o com cara de "eu quero", no que é respondida pelo moço com uma fisionomia desconcertada, como se o pedido fosse extremamente inoportuno. O rapaz coaxou.

Ok, relatado.

PARONÍMIA
Sinto cinto quando sento.
Sinto que aperta no assento.
Cinto que aperta com acento.
Da cintura, há perto aperto.

OLIMPÍADAS
li no informe: "rio 2016: cidade aspirante"
1. viva a cocaína.

DISNEY 2008
É impressão minha ou eu fui o único que não foi pra Disney nessas férias?
Tô quase fazendo um álbum "Disney 2008" no meu orkut e colocando uma foto com um zero cortado, tipo um conjunto vazio. Talvez seja o bolso que esteja vazio.