GUIA DE LEITURA

Se você me perguntasse quais textos ler, eu diria para CLICAR AQUI e achar uns 20 e poucos que eu classifiquei como os melhores. Mas vão alguns de que eu particularmente gosto (e que fizeram algum sucesso):

Caritas et scientia
(as saudades da minha escola)
A-Ventura de Novembro
(o retrato de um coração partido)
Vigília
(os sonhos nos enganam...)
Sairei para a boate e encontrarei o amor da minha vida
(ou "elucubrações esperançosas")
(a afeição por desconhecidos)
A tentação de Mãe Valéria
(trago a pessoa amada em três dias)
A nostalgia do que não tive
(a nostalgia do que não tive)

terça-feira, 28 de outubro de 2008

O CÚMULO DA CARA DE PAU.

Já era tarde e eu estava no metrô voltando da faculdade para casa. O vagão estava um tanto cheio, mas havia ainda dois lugares disponíveis. Um deles era ao meu lado e o outro era à minha frente.

Entrou um cidadão no trem e se dirigiu ao lugar à minha frente. Acontece que esse lugar estava "ocupado" por um caderno do Iron Maiden de uma pessoa que ao lado ouvia música. Educadamente, o senhor que entrara apontou para o caderno, sinalizando que queria se sentar ali. O dono do caderno, meio contrariado, apontou para o outro lugar vago, sem tirar o fone de ouvido.

O cidadão que queria se sentar apontou mais uma vez sacudindo a mão, já um pouco impaciente. O dono do caderno resolveu falar, com cara de "deixa de ser chato" : - senta ali, cara.

O homem desejoso do assento, já estarrecido com a situação, aproximou sua cabeça à do dono do caderno e, em tom amaeaçador, falou algo como: - quero sentar aqui, meu camarada, entendeu?

Achei que os dois fossem acabar nas vias de fato, mas o rapaz do caderno ficou intimidado e, com cara de de "whatever... i'm a bitch", pôs o caderno no seu colo para dar o lugar. O cidadão que queria se sentar finalmente se sentou. Como ele era meio largo (e lá poderia eu falar de um "mundo e os gordinhos 2") e não cabia direito no banco, acabou ficando encostadinho ao ser cínico a que há pouco se opusera. O clima ficou tenso.

Na estação seguinte, desceram várias pessoas e o moço que antes queria se sentar acabou indo para outro lugar no vagão. Imediatamente, o caderno voltou ao seu lugar especial, como se ali fosse um trono, um camarote especial, uma área VIP ou coisa que o valha para aquele amontado de papel com o quase-amedrontador Eddie na capa.

Logo em seguida, entraram mais pessoas no vagão. Duas senhoras resolveram se sentar e, para uma delas, só sobrou o lugar que então acomodava novamente o caderno. Pensei que a via crucis mais ridícula de minha vida "disputar um lugar com um caderno" fosse ali recomeçar. A senhora com várias sacolas olhou para o homem e apontou para o caderno. O dono do caderno dessa vez olhou para ela, resmungou qualquer coisa e pôs o caderno de volta no colo. Estava com cara de decepcionado, desolado e decepcionado.

Que preguiça tola, porca e nojenta é essa de não querer ficar com o caderno no colo, na mochila, na cabeça ou no... ah, deixa pra lá.

6 comentários:

João Medeiros disse...

Qual é o cúmulo do caderno? um caderno do iron maiden.

Marco Sá disse...

Drummond, acabei de ler seus textos (não todos, porque seria um esforço homérico, mas alguns, escolhidos pelo título, devo admitir).
De qualquer forma, estão muito bem escritos, parabéns. Vou tentar acompanhar a partir de agora.

Sobre esse último, desisti de sentar no metrô já, por diversas razões (corridinha, pessoas gordas, cadernos, etc). Já acho mais válido ficar em pé mesmo.

Aliás, bem que vc podia adicionar meu blog ai no canto da sua página, que ai eu faço o mesmo...

Abraços!

Anônimo disse...

meu deus, essa geração está perdida... esforço homérico é ler o mahabharata completo em sânscrito, não um blog de dois anos de idade.

Anônimo disse...

cada dia eu me impressiono mais com a capacidade que algumas pessoas têm de ser desagradável. porra, é só um caderno!! se ainda fosse uma coisa pesada ou desconfortável para se pôr no colo, mas nem isso!

.luísa pollo disse...

não o culpo. acho que o caderno, na minha cabeça, e na do cara, precisava de um acento só dele. Pois nele poderiam estar vários pensamentos que ele escreveu para tirar o peso, para caber em apenas um acento e não em dois como a pessoa nervosa que se sentou ao seu lado era.
eu não me conformo é como uma pessoa pode ser tão gorda de raiva e pensamentos que prefere guardar. o cara do caderno era tranquilo e em momento algum levantou a voz.
acho que se eu tivesse um caderno maior, como esse, que não coubesse na minha bolsa (como os meus cabem) eu o poria num acento também. é muito duro carregar todos os seus descarragos por aí.
isso tudo, claro, se o texto fosse uma grande metáfora sobre a necessidade de se expor através da escrita com cadernos estampados. mas aparentemente nao foi. e disse tudo só para dar um ar de intelectual pseudo cult.

ok, foda-se. o cara era um merda mesmo.

Felipe Drummond disse...

apreciável a interprentação ultra extensiva, ri bastante e ela até faz certo sentido, mas o cara realmente era um cínico que estava ouvindo sua música e por que não sei lá cargas d'água deixou o caderno sentadinho.