Atire a primeira pedra quem nunca foi abordado pela expressão "Me dá um trocado", seguida pelos vocativos tio, tia, madame, senhor, doutor, ou até mesmo pelas recentes gírias cumpadi, fiel, parsero, preibói,..
Dada a situação social calamitosa do país, as cidades brasileiras vivem lotadas de pedintes, que, assolados pela miséria e marginalidade, vêem na benevolência alheia a única - ou a melhor - maneira de sobreviverem dignamente.
No entanto, é cada vez mais difícil sobreviver de esmolas na rua. Somada a outros fatores, há a inflação e a falta de reajuste esmolal. Mas como? Eu explico. Ah, sim... antes de qualquer coisa, esclareço não sou economista, analista econômico nem praticante de qualquer outro ofício que lide profissionalmente com o assunto.
Quando se dá uma esmola, é tendência natural dar a menor quantia razoável possível ao pedinte. Em termos de Brasil, isso quase sempre corresponde (e correspondeu) ao famosíssimo R$ 1,00 (um real), seja em moeda ou em nota. Raramente vejo alguém dando dois reais ou mais, ou então dando alguns poucos centavos.
Tanto há 12 anos, quando foi criado o Plano Real, quanto hoje, depois de muitas reviravoltas da economia brasileira, a esmola básica sempre é de um real. E ele é sempre prático, acessível, razoável. Um real é a primeira nota que aparece na carteira, a primeira que sai do bolso, enfim... é o mais manjado dos "dinheiros".
Mas a cada dia vale menos. É verdade, há 10 anos , compravam-se muito mais coisas com um real do que hoje. A desvalorização da moeda acarretou um aumento de preços e, portanto, numa compensação com o aumento de salários. Vejamos: o salário mínimo, em 1996, era de 100 reais, enquanto que, hoje, é de 350 reais. Aumento de 250% em 10 anos.
E a esmola? Essa sempre foi de um real. Ninguém a reajustou de acordo com o aumento do salário mínimo ou do encarecimento da cesta básica. Ninguém aplicou nela os mil índices inflacionários de institutos-renomados-de-economia-e-variação-de-preços-para-o-consumidor.
"Reajustar para quê? Já é uma esmola mesmo, de cavalo dado não se olham os dentes." diriam alguns. Também não sei para que reajustar. Dizem que a esmola vicia o cidadão e o impede/inibe de ir à luta por emprego ou melhores condições. Outros defendem-na, dizendo que ela resolve paliativamente o problema emergencial dos altamente necessitados.
Querendo ou não, o fato é que os pedintes de todo meu Brasil precisam "pedir" três vezes mais do que faziam há 10 anos para fazerem uma mesma aquisição, seja de comida, roupas ou drogas. E se estiverem insatisfeitos com suas condições de x (a maioria das palavras traria impropriedade vocabular, mas espero que entendam a idéia), não há sindicatos e não vale fazer greve. Muito menos pedir demissão.
(Foto e efeito por mim mesmo)
GUIA DE LEITURA
Se você me perguntasse quais textos ler, eu diria para CLICAR AQUI e achar uns 20 e poucos que eu classifiquei como os melhores. Mas vão alguns de que eu particularmente gosto (e que fizeram algum sucesso):
Caritas et scientia
(as saudades da minha escola)
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A-Ventura de Novembro
(o retrato de um coração partido)
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Vigília
(os sonhos nos enganam...)
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Sairei para a boate e encontrarei o amor da minha vida
(ou "elucubrações esperançosas")
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(a afeição por desconhecidos)
A tentação de Mãe Valéria
(trago a pessoa amada em três dias)
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A nostalgia do que não tive
(a nostalgia do que não tive)
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10 comentários:
nossa, nunca tinha parado pra pensar em um reajuste de esmola...nao tenho o habito de dar esmolas porque acho que, como voce disse, a esmola acomoda o pedinte e nao o estimula a procurar coisa melhor...
muito bem feito e escrito, felipe!
beijos
que isso em cunhadinho
escreve pra chuchu...
eu concordo com o seu texto e acho otimo que vc escreva essas coisas porque assim você treina pro vestibular. tenho certeza que suas redações serão as melhores.
beijo felipeeenho
reajuste de esmolas cara. só você!!
hauheuahuehauheuaheuae
mas realmente, sou contra esmolas, or eajuste delas devia ser pra zeror eais, assim as pessoas sairiam das ruas na "marra".
grande abraço
hauhauhau imagina greve de mendigos "Queremos mais esmola!!!Queremos mais esmola!!!Diga não ao 1 real!!!Queremos 2 real agora!!!"hauhau...po eu nem dou esmola...de fato estimula essas pessoas a continuarem nas ruas...mas q doi o coraçao ver aquelas crianças pedindo dinheiro doi...
Bjão meu lindo ;* vc sabe neh....
Assistencialismo de cu é rola.
E tenho dito!
Alias, em qualquer esfera, seja ela no seu menor nível (esmola) ou no seu âmbito nacional (bolsa família, etc = esmola).
Deixemos esse tipo de assistencialismo para quando formos uma real social-democracia dos moldes escandivavos (provavelmente nunca). E, historicamente, sabemos que eles não chegaram lá sendo economicamente fracos e abusando no assistencialismo (populismo?) e sim, de maneira inversa, melhorando sua economia para depois usar a base sólida para o assistencialismo.
Acho que, no final de contas, não sou contra o assistencialismo e sim contra o desperdicio.
Abraços.
tioooo..
me dá um real??
rs
mto bom!
beijo=]
é tem razão em tudo, na desvalorização da esmola como também "Já é uma esmola mesmo, de cavalo dado não se olham os dentes." e ainda mais, sou contra dar esmola nas ruas, principalmente para crianças já que os pais ficam escondidos e utilizam os filhos para esses fins ao invés de colocá-los na escola ... lamentável a situação do nosso pais...
felipeenho, muito bom o texto, e o senso de humor na medida!
verdade! e o mesmo em relação às gorgetas... o cara do posto que ajuda a calibrar, o entregador de pizza, o da video locadora...
beijocas
Achei interessante, mas achei que seria mais profundo. Para mim faltou o fato de não serem mais produzidas notas de 1 real, que, ao menos para mim, é fator fundamental nesse comentário. Talvez não seja esse o ponto de reajuste? :)
Acrescento: esmolas não deveriam ser reajustas e sim, banidas. ;)
voce é bom mesmo escrevendo,quiria um dia encontrar uma pessoa como você.
ass:luiz felipe moares dos santos
e-mail:madruquinha203@hotmail.com
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