GUIA DE LEITURA

Se você me perguntasse quais textos ler, eu diria para CLICAR AQUI e achar uns 20 e poucos que eu classifiquei como os melhores. Mas vão alguns de que eu particularmente gosto (e que fizeram algum sucesso):

Caritas et scientia
(as saudades da minha escola)
A-Ventura de Novembro
(o retrato de um coração partido)
Vigília
(os sonhos nos enganam...)
Sairei para a boate e encontrarei o amor da minha vida
(ou "elucubrações esperançosas")
(a afeição por desconhecidos)
A tentação de Mãe Valéria
(trago a pessoa amada em três dias)
A nostalgia do que não tive
(a nostalgia do que não tive)

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

O novo bloco de carnaval.

Pois é, o carnaval no país é cercado por suas peculiaridades. Por mais paradoxal que às vezes possa parecer, qualquer coisa, absolutamente qualquer coisa, serve de motivo para euforia e confraternização. Uns se fantasiam, outros se pintam, mas todos trazem a indumentária adequada à época, nem que seja no espírito.
Relevam-se as dificuldades e as tristezas para que se viva um momento de esquecimento, uma fuga de uma às vezes triste realidade que só se modifica com trabalho árduo e meios eficazes.
Ovacionam as multidões o carnaval, afinal, é ele que faz com que as pessoas não tenham trabalho ou aula. Adiam ainda mais o começo do ano útil no país.
Trânsito caótico é marca registrada das comemorações carnavalescas, que congestionam o fluxo de veículos devido ao grande número de indivíduos na maior desordem possível. Atrapalha-se a vida de quem não quer participar, num ato de significativo desrespeito à liberdade alheia.
Em bailes de clubes e salões, o panorama de carnaval é um pouco diferente, exceto pela presença das mães-corujas, que não se cansam de fotografar seus filhos - pequenos ou não - em atos carnavalescos: farra e gritaria. Ops, esqueci de dizer que elas também gostam de ver as fantasias usadas.
Super interessantes, aliás, são essas fantasias. O nome é esse mesmo, fan-ta-si-a, isto é, não tem compromisso com o real, com a verdade. É falso, e como tal deve ser tratado.
Tanta gente unida por algum propósito. Acho que é só se divertir. Tudo bem, nada melhor a ser feito nos tempos de folia. Há gente que prefere pegar a condução e ir pra casa descansar, e há quem gosta de assistir da janela ou da sombra, sem se expôr ao calor de quase outono.
Ora ora, como tudo na vida, o carnaval não é unanimidade.

Bestificados com a manifestação ficam os que estão alheios a ela, em especial gringos e outros transeuntes, que acenam positivamente para a algazarra que se cria. Talvez nem entendam o que se passa.
Acenam para as câmeras e agentes da mídia os foliões, que querem ali registrar sua presença e mostrar um pouco do show de alegria que fazem. Nos seus 15 minutos de fama, distribuem sorrisos e gestos, disputando espaço no enquadramento fotográfico.
Blocos novos surgem a cada carnaval, carregados por seus foliões, que gostam de entoar coros com as mais diversas músicas em uníssono. Até mesmo as canções mais tristes e melancólicas são cantadas em tom de alegria (ou de indiferença?), como se de nada prestasse a tristeza que motivou o poeta ao fazer artístico. Não dão ao momento o tom que ele pede.
Às vezes, esses blocos desfilam sem bandeiras e, assim, sem porta-bandeira. Não têm o que levar à frente, não têm razão de ser e, assim, muitas vezes acabam por ali mesmo definhar, como uma forma inflada que, sem conteúdo, murcha. Ainda que isso não aconteça, a Quarta-feira de cinzas está ali, disposta a sufocar a euforia e retomar a rotina de ações e de idéias.
Carnaval é assim. Para uns, momento de folia. Para outros, o choro da despedida da carne (alheia?).
Assim é o carnaval. Teatral. Uns riem, outros choram. Mas todos na mesma festa.


(não, eu não estou maluco)