GUIA DE LEITURA

Se você me perguntasse quais textos ler, eu diria para CLICAR AQUI e achar uns 20 e poucos que eu classifiquei como os melhores. Mas vão alguns de que eu particularmente gosto (e que fizeram algum sucesso):

Caritas et scientia
(as saudades da minha escola)
A-Ventura de Novembro
(o retrato de um coração partido)
Vigília
(os sonhos nos enganam...)
Sairei para a boate e encontrarei o amor da minha vida
(ou "elucubrações esperançosas")
(a afeição por desconhecidos)
A tentação de Mãe Valéria
(trago a pessoa amada em três dias)
A nostalgia do que não tive
(a nostalgia do que não tive)

sábado, 14 de novembro de 2009

o brócolis

Eu olhei para o brócolis e tive vontade de escrever um texto, mas fiquei me indagando sobre o que meus caros leitores teriam a dizer sobre isso depois de mais de um mês que eu fiquei sem escrever, digo, sem publicar.

O brócolis não tem lá muitos atributos que mereçam ser poeticamente entronizados, se lá é verdade que a poesia é capaz disso tudo. O brócolis é verde como qualquer planta, é relativamente macio, como qualquer alimento e é saboroso como qualquer coisa que se põe à boca quando se está com fome. E ele também é rugoso. Rugoso de um jeito que chega a incomodar, mas na aula de biologia a gente aprendeu que é só para aumentar a superfície de contato, então vamos relevar essa marca da mãe natureza.

Mas o brócolis hoje foi digno de um texto. Do mesmo jeito que outros assuntos frequentemente aqui o são. Não porque sejam em si dignos ou indignos, românticos ou não-românticos, tocantes ou não tocantes. Amor em si não é poesia. Decepção em si não é poesia. Nem poesia em si é poesia, oras!

O brócolis também não é poesia em si. E para que se torne, não basta que eu fique aqui elogiando suas curvas, seu sabor, seu traço geométrico, ... É preciso que eu tire dele algo para além dele mesmo. Talvez seja essa a graça da poesia: não estar em si, não ser ínsita ao objeto poético. Ela dialoga com quem lê ou com outra coisa qualquer que quem lê percebe.

O brócolis hoje talvez não faça sentido nenhum a vocês. Nem a mim faz muito, para dizer a verdade. Mas foi fantástico olhar para o brócolis e ter o ímpeto de fazer com que ele não fosse só mais um brócolis comido, digerido e expurgado na minha vida. Foi fantástico fazer com o brócolis o mesmo que eu faço com outras coisas mais nobres da vida. Tudo bem que o brócolis não é tão nobre nem tão inspirador quanto a paixão, a desilusão e esses sentimentos arrebatadores que comumente me encantam. Fato é que esses sentimentos são tão mais brócolis do que eu pensava quanto o brócolis é tão mais esses sentimentos quanto eu supunha.

No "papel", tudo cabe...

9 comentários:

Giant in a glasshouse disse...

Isso me soou demasiado parnasiano, ainda que em prosa... =P

João Manoel Nonato disse...

Já eu não achei parnasiano.

Penso que, se fosse parnasiano, limitar-se-ia (!) à descrição do brócolis. O que, aliás, soa cômico.

O texto discorre não sobre o brócolis em si, mas sobre o chamado inelutável da escrita, a explosão poética, que o mesmo causou no escritor.

Mostra, assim - penso eu -, que a poesia repousa em tudo, até no brócolis. Ou em nada.

No final, dá no mesmo. A poesia está nos olhos de quem lê.

Felipe Drummond disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Giant in a glasshouse disse...

Perfeito João Manoel. O texto me soou como uma discorrência vazia sobre o chamado inelutável da escrita. Pode ser que se me ocorressem explosões poéticas ao olhar um brócolis o texto me fosse mais verdadeiro.

Terra disse...

Eu gosto de brócolis.

Terra disse...

Decisão acertada não ter feito Letras.

Felipe Drummond disse...

o brócolis foi só a primeira coisa que me deu vontade de escrever após o esforço que está sendo não escrever sobre alguns temas. mas o brócolis foi tão um instrumento para não escrever sobre aquilo que eu escapei necessariamente de falar do brócolis como só um brócolis.

Ana Luiza disse...

eu também discordo que seja parnasiano. a singularização parnasiana é muito diferente (e na maioria das vezes superficial... ). acho que foi muito mais um "metatexto" que resultou na reflexão que alguém fez acima: não importa a origem da inspiração ou a ausência dela,no final o que vale é a interação entre as palavras escritas e aquele que se propõe a ler.

Unknown disse...

Voltando ao brócolis...
Geometricamente, sua forma é bastante curiosa: tem dimensão de 2,66.
Não sei se é parnasianismo, mas ele merece.

http://hypertextbook.com/facts/2002/broccoli.shtml

Hugo Monteiro Spinelli