A metalinguagem é oficialmente o fim de feira dos estilos literários: é tudo o que sobrou, o pouco que sobrou, um verdadeiro nada. É o produto que você só leva se estiver no desespero. E se precisar mesmo levar.
Claro que escrevendo sempre posso ficar em silêncio (até me arrependo de ter começado esse texto, mas vamos lá), opção que tenho exercido com frequência recentemente (por que não continuei exercendo então?). Às vezes, porém, a frustração de escrever algo e não achar digno de postar ou de não conseguir escrever me força a essa escrita metalinguística residual, pois somente o sentimento de ódio à improdutividade literária é capaz de me despertar a verve que me faz bater dedos fortemente nesse teclado, sentindo essa energia que preciso sugar como uma prova diária auto-dirigida de que um coração ainda pulsa e se emociona.
A metalinguagem é maneiríssima à primeira vista e parece uma grande sacada do autor, afinal, como alguém que tem uma sensibilidade tão grande que consegue sair do próprio processo e ver a si mesmo como um terceiro? Não dura muito esse sentimento: tal qual um doce enjoativo, seu sabor logo se degrada superado o ineditismo, ficando suas palavras impalatáveis. A paciência logo se esgota em ouvir o autor falar de sua inspiração, de sua escolha de palavras e da arrebatação em si, em vez do sentimento que o arrebata.
Metalinguagem é a saída pela tangente da própria frigidez literária. É uma pausa sonora num hiato que deveria ser silencioso. É o esforço de negação, a autodefesa diante da decepção em não se ter nada melhor a dizer. Perdoem-me a incompreensão daqueles que, no entanto, sempre têm algo mais interessante a dizer e escolhem ser metalinguísticos: esses o fazem só para não perder a dimensão da realidade, como alguém que come Batom quando pode ter um Lindt. Não entendo.
Se metalinguagem já é o que sobrou, fico me perguntando o que é a metametalinguagem. Só um esforço de impressionar a mim mesmo? O ponto fora da curva de uma curva fora do plano? A potenciação quadrática do fracasso criativo? O réquiem para um sepultamento extemporâneo do eu-criativo? A certidão de óbito desse blog?
Talvez - espero - seja só mais uma fase... e que fase!
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