O epílogo é a história intempestiva com gosto de quero mais. Tem seu quê de nostalgia e também de surpresa.
Um "tchau" para desligar o telefone pede uma eternidade a seguir. Um email não pode sem terminar sem um PS (corrigindo, precisa de um PS depois que terminar). Até ao rescindir o contrato da academia, consegui um mês a mais, de graça, bônus. Não li Harry Potter 7, mas li seu epílogo (e me foi suficiente).
Dar de costas e seguir adiante indefinidamente? Não pode. No segundo seguinte à virada apoteótica, é preciso dar aquela espiada para ver o que ficou para trás. Sempre há uma eternidade pendente de uma contemplação tardia. Não deixe de fazê-la.
Filmes não podem terminar sem aquela narração sóbria, em fundo preto, do que aconteceu com os protagonistas em seguida à história narrada. Mesmo nos filmes que não são baseados em fatos históricos, sinto falta desse momento epilogal. Não sossego antes de saber o que se passou depois do fim. Invento verdades particulares posteriores, se necessário.
A grandiosidade da vida se mede pelo postmortem. Como num musical que acaba quando a peça se encerra e os músicos cessam a execução, mas que não ficará completo sem os aplausos que se seguem.
Sei - e isso é duro - que não haverá morte que me baste, será preciso alguém lendo meu epitáfio sobre a lápide para que eu consiga, enfim, descansar. Últimos suspiros não encerram páginas. Estarei espiando lá de baixo (ou de cima?) se meu pós-momento estará sendo respeitado. Sejam generosos.
PS: exumação não vale como epílogo, please.