GUIA DE LEITURA

Se você me perguntasse quais textos ler, eu diria para CLICAR AQUI e achar uns 20 e poucos que eu classifiquei como os melhores. Mas vão alguns de que eu particularmente gosto (e que fizeram algum sucesso):

Caritas et scientia
(as saudades da minha escola)
A-Ventura de Novembro
(o retrato de um coração partido)
Vigília
(os sonhos nos enganam...)
Sairei para a boate e encontrarei o amor da minha vida
(ou "elucubrações esperançosas")
(a afeição por desconhecidos)
A tentação de Mãe Valéria
(trago a pessoa amada em três dias)
A nostalgia do que não tive
(a nostalgia do que não tive)

segunda-feira, 18 de setembro de 2006

10 mudanças que o Orkut provocou na minha vida.

Ele realmente mudou minha vida.
Entrei no Orkut no final de julho de 2004 e logo me deparei com aquela mensagem profética, embora eu não tenha dado me conta disso na hora:

Orkut é uma comunidade online que conecta pessoas através de uma rede de amigos confiáveis.
Proporcionamos um ponto de encontro online com um ambiente de confraternização, onde é possível fazer novos amigos e conhecer pessoas que têm os mesmos interesses.
Participe do Orkut para ampliar o diâmetro do seu círculo social.

Passados mais de dois anos desde a primeira vez que dei de cara com o azulzinho do qual desde então sou frequentador assíduo, farei um balanço das mudanças na minha vida que ele me proporcionou.

1. Descobri que não sou o único a gostar de certas coisas e a ter certos hábitos dos mais banais possíveis que antes eu considerava bizarros e "extremissimamente" raros entre a população. Não sei se isso me consolou quanto às minhas loucuras e manias, mas que me fez rir muitas vezes, fez. Aliás, para isso até criaram a comunidade: "sou normal, descobri no Orkut".

2. Virou a primeira coisa que eu acesso tão logo entro na internet. Não é a página inicial, porque a tenho em branco, mas é sempre o primeiro site que eu abro.

3. Percebi ainda mais o carinho e a consideração que algumas pessoas nutrem por mim, através, é claro, dos testimoniais, e também pude demonstrar o mesmo em relação a elas.. Por mais que às vezes os depoimentos soem hipócritas e descaradamente posers, na maioria das vezes eles têm seu valor. É como dizer "eu te amo" para a sua esposa. Ela já sabe, mas nunca custa reforçar.

4. No Orkut, encontrei gente da minha família, primos próximos, aos quais me aproximei mais e mais através da internet. Quem diria?

5. Vagando de profile em profiles, encontrei muitas pessoas do meu colégio com gostos muito parecidos e também afinidade, e de muitas dessas pessoas eu virei amigo mesmo. Quem diria... se não fosse o Orkut, continuaria naquele "Fulano? Só conheço de vista." De fato, o Orkut me permitiu e muito aumentar meu círculo social, de maneira que, uns 50% dos amigos que eu mais prezo hoje, eu conheci pelo Orkut.

6. Muitas comunidades me propiciaram discussões bastante inteligentes e enriquecedoras. O Orkut tem isso: é um imenso fórum de discussões. Pena que com sua extrema popularização ele venha perdendo esse caráter, haja vista que os fóruns estão lotados de publicidades vazias e exaustivas.

7. Fuxicar. Sem dúvida, o Orkut é prato cheio para quem gosta de dar uma olhadinha na vida e nos contatos do próximo. Seria hipócrita em dizer que eu não faço isso, mas esse lado paparazzi do Orkut, para mim, não é uma doença.

8. Apresentar pessoas pelo Orkut é bastante prático. Quando você está falando de alguém para algum outro amigo que não conhece essa pessoa, nada melhor do que enviar enviar o profile do indivíduo referido. O kit já vem completo: interesses, auto-descrição e fotos. Sim, fotos!

9. Fotos! É mesmo! Talvez uma das grandes graças do Orkut seja o álbum fotográfico. Quem não gosta de ver álbuns de fotos? (Todos digam que sim, vai!) Virtualmente, o Orkut dá conta desse recado.

10. Reencontrar velhos amigos/conhecidos também foi uma excelente experiência que meu caro azulzinho me proporcionou. Retomei contato com várias pessoas com quem tinha estudado durante a pré-escola (há mais de uma década), e com outros que já saíram da minha escola atual. Sem dúvida alguma, esse foi o lance mais legal do Orkut, pois me permitiu (re)conhecer minha atual namorada e, por meio dela, dezenas de outras pessoas muito legais. Vale lembrar que ela havia estudado comigo há 10 anos atrás e, depois de reencontrá-la no Orkut num lance meio inusitado (digamos que rolou de primeira uma forte simpatia - os franceses diriam um coup en foudre -, já que, nos idos 1996, eu já tinha uma quedinha de criança por ela), começamos a conversar bastante e... deu no que deu!


É por essas e por outras que eu digo, sem titubear, que o Orkut mudou minha vida. E completamente pra melhor. A tal profecia da página inicial concretizou-se, enfim.


Trago à mesa outra questão: a Internet e seus serviços afastam as pessoas?
Não quero deixar a pergunta no ar e, portanto, darei minha singela opinião. Como diriam os Mamonas Assassinas, a Internet é uma faca de dois legumes.
Há quem usa a Internet e nela se fecha em um mundinho particular, virtual, de solidão, isolando-se do mundo e d"a tanta vida lá fora" (citando Pais e Filhos de Renato Russo), como também há quem sabe usar a Internet para conhecer novas pessoas, fazer novos amigos, conhecer novas maneiras de pensar, entre outros, e consegue trazer essas conquistas "virtuais" para a vida real, realíssima, de carne e osso, cara a cara, olho a olho e etc.

Make it worth =)

Felipe Drummond

(Ouvindo: Franz Ferdinand- Jacqueline)


PS2: Próximo post será coisa séria, eu espero.

terça-feira, 5 de setembro de 2006

Pimenta nos olhos dos outros é refresco.

Era sábado, acabara de sair da aula, e vinha caminhando com meu amigo desde o colégio em direção a minha casa. Depois de passarmos em um comitê eleitoral de um candidato a senador e interpelarmos fortemente o seu representante, que também nos deu material promocional de um tucano que realmente parece um tucano e quer ser presidente, cruzávamos a Praça Nossa Senhora da Paz quando me deparei com uma cena tanto esquisita quanto natural.

No chão, ao sol, havia um pombo dentro de uma gaiola que mal comportava o bicho, que batia asas, piava, se mexia, enfim, parecia desesperado. Ao seu lado, um senhor de uns 60 anos fumava e observava a praça. Em sua volta, mais de 30 pombos, alguns em posição de chocar, outros indo de um lado pra outro. O que mais intrigava, porém, é que a esmagadora maioria daquela pombarada toda voltava seus olhos para o pobre engaiolado. Aliás, muitos deles estavam tão concentrados que mais pareciam assistir a um espetáculo.

Juro que fiquei espantado com a cena. Não que eu tenha me comovido ou me enternecido, mas num ímpeto decidi ir falar com o senhor que trouxera o pombo para a humilhação em praça pública. Mas a reflexão inerente à situação veio antes.

Pergunto: estariam os pombos num pífio sentimento de impotência, parados, vidrados, diante da impossiblidade de algo fazer para ajudar o seu semelhante? Estariam os pombos apenas satisfazendo-se com o sofrimento alheio? Estariam os pombos no auge de uma curiosidade columbídea (sou sacana: do mesmo jeito que fiz com o murídeo de outro post, vão ao dicionário!) quase-mórbida?

Não sei. Por um instante, eles me pareceram humanos. Aliás, quero dizer que esse por um instante foi meramente estilístico, eles de fato pareceram e continuam me parecendo humanos nesse aspecto.

Creio que muitos de imediato vão levantar o braço e dizer que tudo que eu estou escrevendo aqui é bobagem. Não tem problema, eu respeito. No entanto, continuo a achar que o ser humano muitas vezes fica saciado com o penar do outro. Muitas vezes, ou seja, nem sempre. Esse sentimento tem seus quês de sadismo (numa extensão de sentido), de "ainda bem que não é comigo" e de "vamos ver até onde isso vai". Exemplifico cada um.

I.
Certa vez ouvi de um amigo o chamado Princípio de Conservação da Auto-estima. Explico: a auto-estima em um ambiente se conserva. Portanto, se alguém está ganhando auto-estima, com certeza tem alguém que a está perdendo. Dessa maneira, se tem alguém se danando, há outrem que se enaltece.

II
Muitas vezes é inconsciente e passa despercebido o pensamento de "ainda bem que não é comigo". Aconteceu com algum conhecido uma tragédia, daquelas que ocorrem de 1 em 1 milhão e, às vezes, são tão improváveis quanto ganhar a loteria chutando em todas as casas o mesmo número. Pois é... o que pensar? Ó, coitado de Fulano!!! Pergunto se não passou pela cabeça: Nossa, sou um cara de sorte! (ou de falta de azar, como quiserem)

III.
Acontece simplesmente quando se quer ver o circo pegar fogo. Para quê? Para saber como um circo pega fogo, para ter o espetáculo de fogo, chamas e cheiro de lona queimada. Sensações raramente vivenciadas. Usam-se os outros e as experiências alheias para construir-se experiência própria, como usam-se cobaias em testes científicos.

E o que vocês pensam?

E com vocês, o final da história.
Entramos eu e meu amigo na praça e fomos perguntar ao senhor que trouxe a gaiola com o pombo por que ele o fizera. Ele, muito educado, logo tratou de apagar o cigarro e de conversar simpaticamente conosco. Contou que aquele pombo aparecera em sua janela, doente, com o bico machucado, e que desde então ele pegou o bichinho, levou-o ao veterinário, alimentou-o direito, e estava preparando a ressocialização do animal, que em breve aconteceria, daí ele ter levado o pombo à praça.
(Isso inclusive dará margem em breve a outro assunto nesse blog, as conclusões precipitadas, visto que eu achava que o senhor tinha más intenções com sua ação e, no final, percebi que não era nada disso.)


Até a próxima.
Felipe

(Ouvindo: Beatles - A day in the life)