Também, desde que me entendo por gente, vivo cercado por pessoas que odeiam aparecer em fotos. Estão feias, estão mal vestidas, estão com cara de sono, olheiras e etc. Nunca estão no melhor ângulo. Querem aparecer fazendo um bico assim, assado. Algumas possuem um lado favorito para exibirem o perfil. Tem gente que quer parecer mais forte. Ocultar barriga. Outras pessoas, simplesmente, detestam o flash, e pouco se importam se o registro vai sair escuro ou borrado.
Nunca dei muito crédito a esse tipo de coisa, afinal, a nostalgia no futuro é um sentimento muito mais nobre do que que preocupações cosméticas de ocasião. Eu, honestamente, desprezo em minha intimidade quem não quer aparecer em foto, especialmente quando se trata de momento solene e único a ser registrado. Respeito por mera força do hábito.
Por óbvio, não estou falando que tudo será imediatamente postado em redes sociais, para o regozijo geral com eventual feiura alheia. Mas esse nunca é meu propósito. Eu apenas quero guardar memórias. Sou daqueles que, de vez em quando, precisa ver fotos antigas para me reconectar a alguma coisa. Fotos me lembram da caminhada da vida e de quem ao meu lado esteve presente. Às vezes, vejo fotos para lembrar de cheiros ou de emoções. Elas me transportam no tempo e no espaço, especialmente quando são fotos digitais e, portanto, ficam imunes às marcas do tempo (escrevi sobre isso aqui). Fotos são que nem vinhos: melhoram com o tempo. Nelas, todo percalço é passageiro.
Como certas coisas tendem a piorar, mas nem sempre, fotos velhas sempre estão no lucro. Quem enfeiar, vai ter no souvenir uma boa memória. Quem embelezar, encontrará na fotografia um lembrete de superação.
Não tem erro: tirem fotos sempre. Feiuras, rugas, cenas em que se aparece falando, olhos caídos, barrigas e demais saliências não vão necessariamente sair no instagram. Seu lugar mais nobre é o futuro, onde todas imperfeições são mera contingência. Vícios prescreverão adormecidos em álbuns físicos ou em pastas de computador.
E o futuro a tudo redimirá.